domingo, junho 07, 2009

EM TERAPIA - A SEGUNDA TEMPORADA COMPLETA (In Treatment - The Complete Second Season)



No ano passado, EM TERAPIA foi muito provavelmente a melhor série produzida na televisão, um mergulho intensivo e recheado de emoções em sessões de psicanálise de personagens fascinantes. Infelizmente não posso dizer o mesmo da segunda temporada, que caiu bastante de qualidade, a começar pelo fato de seu principal mentor, o cineasta Rodrigo García, ter deixado a direção dos episódios para ser apenas produtor executivo, entregando a tarefa que lhe coube tão bem para terceiros. Assim, a segunda temporada (2009) se tornou uma mera sombra do que foi a primeira. Os próprios personagens, os novos pacientes do Dr. Paul Weston (Gabriel Byrne), guardam muitas semelhanças com os personagens da primeira temporada. Desse modo, Mia (Hope Davies) seria uma espécie de versão sem graça de Laura - assim como Laura, Mia também nutre uma paixão por Paul -; April (Alison Pill) é a Sophie da vez, uma adolescente que tem um problemão; o garotinho Oliver, que faz terapia junto com seus pais separados, é uma versão do casal problemático Amy e Jake; e o homem de negócios Walter (John Mahoney) é o novo Alex, um homem cheio de si e um tanto arrogante, mas cujas máscaras vão caindo aos poucos. O que continua exatamente igual é a visita semanal de Paul ao consultório de Gina (Diane Wiest).

Não sei se o fato de a série ter durado apenas 35 episódios e não 43 como na temporada anterior foi algo planejado ou se a audiência - uma possível queda na audiência do programa - contribuiu para essa diminuição. De todo modo, a sétima semana foi relativamente boa, fechando bem as principais situações dos personagens, o que não quer dizer que o psicanalista tenha encontrado soluções para todos os problemas dos seus pacientes durante apenas sete semanas, já que, diferente da primeira temporada, na segunda, todos os pacientes são novos. Ao contrário, o próprio Paul questiona muito sua capacidade profissional, se estaria de fato ajudando aquelas pessoas ou se estaria tornando-as ainda mais problemáticas. O primeiro episódio já lida com uma situação bem complicada na vida de Paul, que é o fato de ele estar sendo processado por culpa no suicídio de um de seus pacientes da temporada passada. E assim a nova temporada vai, de vez em quando, conseguindo forças, auxiliada pelos fantasmas da temporada anterior, como Laura, que não aparece mas é sempre citada. Aliás, não há como esquecê-la, afinal, ela foi o pivô da separação de Paul. É por causa dela e principalmente por causa da fraqueza de Paul que ele está sozinho num apartamento no Brooklin. A própria Sophie, ao ser citada apenas uma vez num dos episódios, causa uma leve comoção, já que muito do sucesso da primeira temporada se deveu às emocionantes sessões com ela, que me levaram com frequência às lágrimas.

Nessa temporada, o mais próximo que se aproximou disso foram as sessões com o garotinho Oliver, que a princípio me pareceu apenas uma criança chata, mas que vai se tornando mais interessante, bem como o drama de seus pais. A criança se sente rejeitada e o próprio Paul vê a si mesmo um pouco nele, vê a sua infância. Outro diferencial da segunda temporada é o fato de haver mais episódios em outras locações que não o consultório. Principalmente nos episódios em que Paul encontra Gina. E são nesses episódios que podemos sentir com mais força o sentimento de abandono de Paul, que está passando por uma fase muito difícil de sua vida e é no consultório de Gina que ele solta os cachorros, fazendo com que ela saia do sério uma vez. Ainda não sei se haverá uma terceira temporada. Não foi noticiado, mas se houver, pelo menos os roteiristas terão que lidar com personagens totalmente novos e não adaptações da série original israelense na qual ela é baseada. Se houver uma terceira temporada, estarei disposto a acompanhar, mas acho que prefiro que a série pare por aqui para evitar uma queda ainda maior na qualidade, o que não faria nada bem para sua imagem.

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