quinta-feira, junho 18, 2009

ASSALTO AO TREM BLINDADO (Quel Maledetto Treno Blindato / The Inglorious Bastards)




















E o aquecimento para a chegada de BASTARDOS INGLÓRIOS, de Quentin Tarantino, continua. Nada mais natural do que chegar à principal referência da obra de Tarantino, que é, obviamente, ASSALTO AO TREM BLINDADO (1978), de Enzo G. Castellari. Não sei o quanto Tarantino modificou nessa sua livre adaptação. Provavelmente deve ter aproveitado apenas a ideia básica, mas com certeza deve ter saído um filme muito melhor, até porque a produção de Castellari só deve ser lembrada mesmo por aqueles que gostaram do filme na infância ou adolescência. A comédia de guerra italiana é um samba do crioulo doido com um enredo que parece ter sido feito durante as filmagens, sem uma antecedência prévia. Se não fosse Tarantino, o filme de Castellari continuaria restrito à apreciação de fãs de filmes de gênero italianos. Depois de Tarantino, ASSALTO AO TREM BLINDADO ganhou até mesmo uma edição especial tripla em DVD no Estados Unidos! Antes de mais nada, quero dizer que não sou exatamente fã do diretor italiano. Nem mesmo o tão elogiado spaghetti western KEOMA (1976) fez a minha cabeça. E o outro filme que tinha visto dele numa exibição na Band foi JONATHAN E O URSO (1993), que é bem fraquinho. Pelo que vi no IMDB, Castellari está se aproveitando do hype em torno de BASTARDOS INGLÓRIOS para lançar um tal de CARIBBEAN BASTERDS e garantir uns trocados. É a velha e boa picaretagem italiana, que continua viva.

ASSALTO AO TREM BLINDADO é bem movimentado e foi inspirado no clássico OS DOZE CONDENADOS, de Robert Aldrich, filme que infelizmente até hoje não vi. No filme de Castellari, os protagonistas são prisioneiros de guerra sem o menor escrúpulo que fogem depois que o caminhão de prisioneiros é atacado por um avião nazista. A missão deles passa a ser fugir até a Suíça, local neutro durante a guerra. Alguns membros do grupo são engraçados. Um deles é racista e fica enchendo o saco do negro do grupo (Fred Williamson, astro de vários filmes B nos anos 70-90); outro é especialista em falsificação; outro é viciado em apostas, outro tem ataques de pânico. Bo Svenson, outro astro de filmes B americanos, é o tenente que foi preso por deserção. A personalidade dos membros da trupe é notada ao longo das várias sequências de ação do filme, o que não deixa de ser uma decisão inteligente e objetiva dos roteiristas e do diretor.

O tal trem blindado do título brasileiro só é mostrado no último ato, já que o filme tem caráter episódico. Não é possível fazer uma sinopse que sintetize a ação, que se modifica a todo o momento. Entre os destaques do filme está o momento em que eles se disfarçam de soldados alemães, já que um deles fala alemão e pode falar pelos outros, sempre que der de cara com um grupo de nazistas. Como a história se passa na França em 1944, momentos antes de a guerra acabar, a espectativa do fim da guerra está no ar. Enquanto isso, os "bastardos inglórios" têm que se virar para sobreviverem e escaparem, já que são caçados tanto pelos aliados, quanto pelos nazistas. Como um bom exploitation italiano, não poderia faltar cenas de mulheres nuas. Na tal cena, um grupo de mulheres alemãs toma banho nuas num rio, quando o bando resolve se juntar e fazer uma festinha. As meninas vão embora assustadas quando aparece Fred Williamson. Não faltam tiros e contagem de mortos o tempo inteiro, com pedaços de carne voando por todos os lados, embora nenhuma cena de violência tenha sido especialmente memorável pra mim. Sei que eu e mais um monte de gente estamos mesmo é interessados em ver a versão de Tarantino dessa história de guerra. Enquanto isso, dêem uma conferida no belo cartaz italiano de BASTARDOS INGLÓRIOS, que o Leandro publicou em seu blog.

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