INTERVENÇÃO DIVINA (Yadon Ilaheyya)
Sábado acordei cedo pra ir ver INTERVENÇÃO DIVINA (2002), na sessão de arte. No caminho de ida pro Iguatemi, me encontrei com o Juradir Filho, que parece que vai ficar sempre indo pras sessões matutinas pra fazer cobertura para o Cinema com Rapadura.
O filme é uma provocação que puxa a sardinha pro lado dos palestinos, na eterna guerra contra os judeus. Senti que se eu soubesse mais sobre a situação entre os dois povos - a divisão geopolítica, as diferenças de situação em cidades como Jerusalém e Ramallah etc. -, teria entendido melhor o filme. Mas parece que eu não fui o único a ficar confuso com algumas coisas do filme. Pra quem não tem intimidade com o assunto, pode ser mesmo complicado.
O diretor Elia Suleiman optou por fazer uma comédia com pouquíssimos diálogos, descrevendo apenas com imagens o cotidiano de rixas entre palestinos e judeus, em três diferentes partes da Palestina. A comparação com o cinema de Jacques Tati é inevitável e realmente procede. Há muitos planos largos, muita repetição de situações (o cara que joga lixo no jardim do vizinho, o garoto que joga bola, o sujeito na parada de ônibus), tipos de repetições bem características dos filmes de Tati.
O senso de humor é bem estranho, meio descolacado numa situação tão delicada quanto essa dos palestinos, que nem puderam tem o filme concorrendo ao Oscar, porque a Academia não reconheceu a Palestina como país. Por isso o povo palestino se sente tão revoltado com os melhores territórios ocupados pelos judeus, com o tratamento "diferenciado", tratamento vindo logo de um povo que já sofreu em campos de concentração, vejam só. Por isso o povo palestino fuma tanto, sentindo-se miserável e tendo que apelar às vezes para o terrorismo para demonstrar sua força e resistência.
O filme traz uma série de cenas memoráveis: a mulher ninja que no melhor estilo Jaspion combate atiradores de elite judeus armados; o balão com o desenho de Yasser Arafat atravessando Jerusalém; um Papai Noel sendo esfaqueado por um grupo de rapazes; a frase "estou louco porque te amo", citada repetidas vezes ao longo do filme, uma verdadeira declaração de amor do diretor à sua terra; a cena das pessoas fumando no hospital. É um filmão. Só demora um pouquinho pra gente perceber isso.
Depois da sessão, teve um acalorado debate sobre a questão judeus x palestinos. Foi a primeira vez que eu fiquei pra assistir a um debate e gostei bastante. Aprendi bem mais sobre o assunto. Pedro Martins Freire falou que, em outubro, será apresentada uma mini-mostra com alguns dos novos filmes argentinos. Só não falou quais serão os filmes. De qualquer maneira, fiquei interessado.
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