quarta-feira, agosto 10, 2016

NEGÓCIO DAS ARÁBIAS (A Hologram for the King)



A carreira do cineasta alemão Tom Tykwer é marcada por filmes bastante distintos entre si. Ele ganhou notoriedade internacional com o divertido CORRA LOLA CORRA (1998), trabalhou em um dos filmes de um projeto deixado por Krzysztof Kieslowski, PARAÍSO (2002), dirigiu a adaptação de um best-seller de prestígio, PERFUME – A HISTÓRIA DE UM ASSASSINO (2006), e fez parceria com os irmãos Wachowski no ambicioso A VIAGEM (2012). Isso para citar os seus filmes mais conhecidos.

Há muito pouco em comum entre todos esses filmes. A não ser um apuro ao aspecto plástico, que se apresenta evidente em todos os seus trabalhos. Fazer parceria com os Wachowski, então, só torna ainda mais complicada a tarefa de um crítico que queira incluí-lo na teoria dos autores. Ou incluí-lo como um autor. De qualquer maneira, isso não é preciso. Cada filme é um projeto único e pode ser visto de forma totalmente independente. Principalmente no caso de um diretor como Tykwer. 

NEGÓCIO DAS ARÁBIAS (2016) é o seu mais recente trabalho para o cinema. Traz de volta Tom Hanks, com quem o diretor havia trabalhado em A VIAGEM. Mas trata-se de um filme um tanto torto em sua condução narrativa desde as primeiras imagens, um tanto rápidas, quase lisérgicas, dando a entender que o filme trará algo parecido com o que seu início promete.

Não que NEGÓCIO DAS ARÁBIAS seja uma obra lenta e contemplativa. Na verdade, é um filme até que bastante dinâmico no modo como apresenta o dia a dia de Alan (Tom Hanks), um executivo falido que deixa o seu arruinado país, os Estados Unidos, para tentar a sorte na Arábia Saudita, lugar que tem crescido bastante. A imagem que vemos dos Estados Unidos, inclusive, é bem pequena e pobre, em contraste com a vastidão dos desertos e dos prédios gigantescos daquele lugar de cultura estranha.

Há um homem que serve de motorista e de guia turístico para Alan, o divertido Yousef (Alexander Black). Mas é curioso como ele, apesar de se destacar, aparece sempre em cenas curtas. Como, aliás, todos os demais personagens que rodeiam Alan. Mesmo a médica por quem ele se interessa, vivida por Sarita Choudhury, e que ganha mais espaço no final, parece um apêndice na vida do protagonista. A médica, inclusive, até parece um pouco deslocada na história, como se quisessem incluir um interesse amoroso na história a fórceps. Não que não seja simpático e não gere uma cena memorável, mas nem parece uma personagem saída de um romance.

Outra coisa que desaponta é a tal apresentação que ele vai fazer para o Rei da Arábia, em um holograma. Do jeito que é mostrada, não causa o menor fascínio no espectador. Principalmente porque criamos grande expectativa em relação a ela. Mesmo assim, NEGÓCIO DAS ARÁBIAS é aquele tipo de filme bem agradável de ver, apesar de frágil, sem precisarmos analisar muito para perceber.

Nenhum comentário: