sexta-feira, agosto 05, 2016

QUATRO DOCUMENTÁRIOS BRASILEIROS























Vamos a mais uma postagem rápida e rasteira sobre alguns filmes, para ir desaguando a quantidade de títulos não comentados ainda, por algum motivo ou outro. Todos os filmes foram produzidos no Brasil, sendo que o único que ganhou grande alcance, por razões óbvias, foi o sobre o Chico Buarque. Ainda assim, ao menos aqui, passou pouco tempo em cartaz.

CHICO - ARTISTA BRASILEIRO

Nem sei mais quanto tempo faz que vi CHICO – ARTISTA BRASILEIRO (2015), de Miguel Faria Jr., mas certamente foi no ano passado. É um documentário musical que presta tributo a um dos nossos maiores artistas. Embora não esteja exatamente entre os meus favoritos, tenho um respeito enorme pelo seu trabalho, por sua militância política, pela sensibilidade com que ele cria canções feitas para serem cantadas por mulheres, pela sua capacidade de se outrar que poucos grandes artistas possuem aqui no Brasil. Gosto das cenas de depoimento confessional dele, sobre o fim do casamento com Marieta Severo e de depois não ter encontrado mais ninguém, mas que se sente feliz estando sozinho em seu ócio criativo. Acho interessantes os arquivos do passado. Uma entrevista em que perguntam se ele é homossexual é hilária. Também muito interessante a história envolvendo o meio-irmão dele, que acabou rendendo um livro. E no meio de tudo há algumas canções cantadas por ele exclusivamente para o filme. A opção por não escolherem só as mais famosas foi acertada.

PARATODOS

Como não sou um fã de esportes, fui ver PARATODOS (2016), de Marcelo Mesquita, um pouco desinteressado. Acho até que algumas cenas são um pouco chatas, como o segmento dos cegos jogadores de futebol, mas mesmo esta parte tem o seu grau de interesse. O que mais conta é mesmo a lição de vida dessas pessoas que driblam as adversidades para se tornarem campeãs em diversas categorias dos jogos paralímpicos. Algumas cenas são particularmente comoventes, como a da nadadora que tem uma doença degenerativa. Ela sabe que a cada mês está pior e por isso a categoria dela vai sendo modificada. Também muito curioso o caso do rapaz do BBB que ficou paralítico depois de um acidente de carro e que agora dá tudo de si na canoagem. Ou do rapaz que não tem mãos e que pratica natação. São pessoas que já são campeãs. O filme tem umas barrigas, mas nos ajuda a valorizar mais a nossa própria vida.

DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO

Extremamente simpático este documentário sobre estudantes de outros países que foram colonizados por Portugal que vêm estudar na Unilab, na cidade de Redenção-CE, localizada a cerca de duas horas de Fortaleza. DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO (2015), de Daniele Ellery e Márcio Câmara, é uma produção cearense que consegue captar as dificuldades e as alegrias dessas pessoas, suas experiências em ter que abandonar o país natal e chegarem a um lugar que elas nem sabiam que era racista. Comentam sobre a imagem que elas tinham do Brasil, basicamente formado pelas telenovelas da Rede Globo, e do quanto se sentiram enganadas. Destaque também para o modo como os diretores exploram a própria imagem contraditória da cidade de Redenção, que é vendida como a primeira do país a libertar os escravos. No entanto, aquelas imagens de escravos negros ainda acorrentados, ou da mulher negra nua que estampa o cartão postal de lá, pode ser um tanto ruim para os africanos que chegam de lá e que já têm a questão do escravismo como algo ultrapassado, como um deles comenta. Gosto das cenas dos dois casais que tiveram a sorte de encontrarem o parceiro ideal.

MENINO 23 - INFÂNCIAS PERDIDAS NO BRASIL

Difícil esquecer os olhos tristes do seu Aloísio Silva, o menino 23, do título deste documentário que investiga o caso de um sítio nazista que, na década de 1930, era usado como local de trabalho escravo para crianças negras. MENINO 23 – INFÂNCIAS PERDIDAS NO BRASIL (2016, foto), de Belicario Franca, mostra o quanto ainda há de feio para sabermos sobre a história do nosso país. O caso foi descoberto depois que tijolos com a suástica foram encontrados no local. Descobre-se, então, dois homens que foram vítimas dessa história horrível. Cada um deles tomou um rumo diferente na vida. O seu Aloísio é o que mais guarda rancor dessa época, enquanto o outro conseguiu fugir e mudar sua situação e até o modo mais alegre como encara o passado. Há também o curioso caso de um desses meninos, que foi criado dentro da casa, junto com a família rica do sítio. Mas o que mais fica na memória mesmo é o olhar do seu Aloísio, e de ouvi-lo dizer que jamais recebeu carinho de mãe ou de pai. É duro.

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