quinta-feira, agosto 30, 2012

AS 20 MELHORES CENAS DE TODOS OS TEMPOS



Hoje meu blog está completando 10 anos. Já faz um tempão, hein. Considero-me um herói da resistência. Principalmente nos dias de hoje, em que a popularização dos blogs caiu bastante em comparação com anos atrás. Foi graças a este espaço que eu conheci dezenas de pessoas legais. Muitas delas se tornaram grandes amigas até hoje. Tem sido também um espaço para o exercício da escrita e do aprendizado do cinema, desde então. Por mais que alguém possa dizer que não escrevo bem, não dá para negar que houve uma evolução do primeiro post até aqui. Então, para aproveitar o aniversário do blog, resolvi colocar a lista das minhas 20 cenas favoritas, que fazem parte de mais um ranking promovido pela Liga dos Blogues Cinematográficos. Lamento algumas ausências, mas isso faz parte.

1. PSICOSE (Psycho, 1960), de Alfred Hitchcock – A cena do chuveiro


















Talvez a cena mais famosa do cinema. Até quem nunca viu o filme inteiro já conhece e lembra da trilha de Bernard Herrmann. Já está no inconsciente coletivo. Marion Crane (Janet Leigh), depois de ter roubado dinheiro do cofre de seu patrão, vai parar num motel de beira de estrada. Mal sabia ela que seria assassinada por um maníaco. Hitchcock mata a protagonista com 40 minutos de filme e deixou milhões de pessoas sem chão. Ao final, depois que Marion dá seus últimos suspiros, a câmera sai do banheiro e nos mostra o dinheiro roubado, enrolado num jornal.

2. A RODA DA FORTUNA (The Bandwagon, 1953), de Vincent Minelli – O passeio no parque

















Foi preciso eu assistir o documentário SANTIAGO, de João Moreira Salles, para redescobrir este filme e em particular esta que é uma das cenas mais bonitas que o cinema já criou. É um momento mágico, quando, sem mais nem menos, Fred Astaire e Cyd Charise começam a dançar, a flutuar, quase como se não houvesse mais a lei da gravidade. Como se seus corpos fossem etéreos. E a música ao fundo, então, é de uma beleza inenarrável.

3. SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (Dead Poets Society, 1989), de Peter Weir – "Oh, Captain, my Captain!" A despedida dos alunos ao professor Keating

















O único filme que eu vi no cinema três vezes. E das três sessões em que fui, o público se levantou, aplaudindo de pé, emocionado. Eu, ainda com lágrimas nos olhos e um arrepio no corpo inteiro, não conseguia conter a emoção. O uso de um trecho de um poema de Walt Whitman para homenagear um professor que mudou as suas vidas, vivido por um inspirado Robin Williams, auxiliado pela música de John Williams, formam o final perfeito para um filme que influenciou gerações.

4. 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO (2001 – A Space Odissey, 1968), de Stanley Kubrick – A "morte" de HAL-9000

















Sempre que me perguntam qual é o meu filme favorito eu digo que é 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO. Seja para simplificar, seja por ser mesmo um dos filmes que eu mais admiro. E pensar que só depois de três tentativas foi que consegui ver o filme integralmente. No segmento da viagem a Júpiter, Kubrick nos apresenta ao computador HAL-9000 e torna-o mais humano do que todos os tripulantes. Talvez por isso a cena de sua "morte" seja tão impactante.

5. HARRY & SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO (When Harry Met Sally, 1989), de Rob Reiner – A declaração de amor


















Pode até parecer um tanto bobo para os mais racionais e sisudos, mas não vou deixar de mencionar um dos meus filmes mais queridos, lá do início de minha cinefilia. Há toda uma série de razões para eu gostar de HARRY E SALLY, mas o momento é de falar de uma cena em especial. Depois de um relacionamento que deixou de ser mera amizade com o tempo, finalmente, numa noite de ano novo, Harry (Billy Crystal) faz uma das mais belas declarações de amor para uma mulher da História do Cinema. E Meg Ryan nunca esteve tão adorável.

6. CIDADE DOS SONHOS (Mullholand Dr., 2001), de David Lynch – Llorando, no Clube Silenzio


















O filme mais brilhante de David Lynch e até o momento o melhor filme do século XXI não poderia ficar de fora. Há muitas sequências inesquecíveis, mas se é para escolher uma, que seja a ida das duas amantes para o Clube Silenzio. É lá que elas encontrarão a verdade. E a verdade dói, especialmente quando se tem que enfrentar atos terríveis. É Lynch mais uma vez falando de espiritualidade por caminhos tortos e assustadores.

7. ANTES DO PÔR-DO-SOL (Before Sunset, 2004), de Richard Linklater – "Baby, você vai perder o voo."

















Continuação de ANTES DO AMANHECER (1995), a sequência mostra o reencontro de Jesse e Celine, o casal que se conheceu em um trem na Europa. Na continuação, sabemos que eles não se encontraram como combinado. E isso afetou, consequentemente, a vida que levam. Para Jesse, o encontro dos dois se transformou em livro. Ele virou escritor. Depois de caminharem e conversarem e desabafarem, Celine convida Jesse para tomar um chá em seu apartamento até chegar a hora do seu voo. Enquanto isso, Nina Simone canta ao fundo.

8. AURORA (Sunrise, 1927), de F.W. Murnau – A reconciliação


















O que uma mulher deve fazer quando descobre que o seu marido está cogitando matá-la? E o que ele deve fazer, uma vez que percebe que cometeu um terrível erro, o maior erro de sua vida? O peso que se instala nos ombros de ambos é também sentido pelo espectador, que, comovido com a situação, só torce para que os dois se reconciliem. É cinema-poesia orquestrado por um dos maiores cineastas que este mundo já teve o privilégio de abrigar.

9. A PALAVRA (Ordet, 1955), de Carl Theodor Dreyer – A ressurreição


















Só mesmo o cinema para fazer com que acreditemos piamente e com muita emoção – eu, pelo menos, fui às lágrimas – que alguém é capaz de ser ressuscitado. Claro que sem um diretor do talento e brilhantismo de Dreyer isso não seria possível. Por mais que o cinema lide muitas vezes com a suspensão da descrença, uma cena como essa nas mãos de outra pessoa certamente sairia ridícula. Nas mãos de Dreyer, o milagre acontece de fato. O melhor filme sobre a fé jamais feito.

10. HATARI! (1962), de Howard Hawks – A caça ao rinoceronte

















A maior aventura de todos os tempos! Assim muita gente trata com entusiasmo este lindo filme de Howard Hawks, um dos mais queridos e celebrados cineastas de todos os tempos. E HATARI! já conquista o espectador logo de cara, com uma cena de caça a um rinoceronte, com momentos de excitação e perigo. Logo mais adiante, veremos se tratar de um filme sobre amor e amizade. Mas é também um filme essencialmente masculino, como quase todos os trabalhos de Hawks.

11. A CASA DO LAGO (The Lake House, 2006), de Alejandro Agresti – O encontro no alpendre

















O cinema (e a literatura, sua prima mais velha) já contaram inúmeras histórias de amor impossível. Mas de vez em quando aparece alguém e conta uma nova história. Remake de um filme coreano, A CASA DO LAGO mostra duas pessoas que vivem em tempos distintos e se correspondem a partir de cartas. Em meio a essa impossibilidade de se encontrarem, o personagem de Keanu Reeves dá um jeito de falar com a personagem de Sandra Bullock pessoalmente. Uma das mais belas fábulas sobre o amor dos últimos anos.

12. O PROCESSO DE JOANA D'ARC (Procès de Jeanne d'Arc, 1962), de Robert Bresson – A ida para a fogueira

















Às vezes eu fico me perguntando como um cineasta difícil e cerebral como Robert Bresson me pegou pela emoção logo na primeira vez que assisti O PROCESSO DE JOANA D'ARC. Ajuda eu ser fascinado pela personagem, uma das mais importantes mulheres da História do mundo. Bresson trata o processo com frieza, mas isso não quer dizer que não seja possível se solidarizar com a jovem que está prestes a ser queimada viva na fogueira. E a cena em que ela se dirige à fogueira, com a câmera destacando apenas os seus pés e os de quem vão assistir à execução, dá também importância ao que está fora de quadro. O que só aumenta o mau estar.

13. BASTARDOS INGLÓRIOS (Inglorious Basterds, 2009), de Quentin Tarantino – A conversa com o "caçador de judeus"

















Quentin Tarantino, depois de dar um tempo após filmar JACKIE BROWN (1997), parece ter retornado ainda mais inspirado. Os dois volumes de KILL BILL (2003,2004) são tão cheios de cenas memoráveis que fica difícil até escolher uma. Já BASTARDOS INGLÓRIOS fica mais fácil: a cena inicial do filme, numa casa de campo na França que serve de abrigo para judeus. É lá que aparece o caçador de judeus vivido por um inspirado Christoph Waltz. Diálogo mordaz, com humor negro e muita tensão.

14. VIDAS SECAS (1963), de Nelson Pereira dos Santos – A morte de Baleia


















Tanto no romance de Graciliano Ramos quanto na adaptação de Nelson Pereira dos Santos, a cena da morte da cachorra Baleia é o que há de mais triste, de mais depressivo de uma obra que já transpira tristeza. Na cena, já vendo que Baleia está doente e perto de morrer, Fabiano resolve sacrificá-la. Destaque para o contraste da luz estourada de fora da casa com a falta de luz dentro da casa, onde os meninos e sua mãe aguardam o triste fim da querida cadela.

15. ROCKY, UM LUTADOR (Rocky, 1976), de John G. Avildsen – Mickey procura Rocky para ser seu treinador

















Rocky é um sujeito humilde, pobre e de bom coração. Desses que é fácil de a gente gostar. Depois que ele recebe a proposta de lutar contra o campeão de pesos pesados Apolo Creed, o velho Mick, seu treinador que havia lhe deixado na mão, vai procurá-lo para trabalhar com ele. Rocky até tenta se vingar de Mick, mas seu bom coração não permite. Essa é apenas uma das várias cenas emocionantes desse belo filme.

16. BONITINHA, MAS ORDINÁRIA OU OTTO LARA REZENDE (1981), de Braz Chediak– "Contínuo!"


















Pode até não ser grande cinema, mas BONITINHA, MAS ORDINÁRIA, a versão com José Wilker, Lucélia Santos e Vera Fischer, é cheia de momentos inesquecíveis. Este diálogo envolvendo dois homens que fazem questão de humilhar o personagem de Wilker, chamando-o de ex-contínuo, é uma joia de nossa dramaturgia. Até hoje faz muita gente rir. Especialmente depois da resposta cheia de raiva do humilhado.

17. A VIDA DE BRIAN (Life of Brian, 1979), de Terry Jones – A fila para pegar a cruz

















Falando em rir, a única comédia de verdade da lista traz uma sequência impagável. Na fila para pegar uma cruz ou ser solto, um centurião romano pergunta para as pessoas se elas foram julgadas culpadas ou inocentes. Um simpático ladrão diz que é inocente. Teria ganhado sua liberdade se não dissesse que estava apenas brincando. Senso de humor é isso aí.

18. E O VENTO LEVOU (Gone with the Wind, 1939), de Victor Fleming – A morte da filha de Scarlett e Butler


Difícil escolher uma cena entre tantas desta produção grandiloquente de David O. Selznick. Passando-se na Guerra Civil americana e mais especificamente no lado sul do conflito, depois que a guerra acaba e os perdedores precisam reconstruir tudo de novo, Scarlett O'Hara e Rhett Butler, os dois de temperamento forte, se casam e têm uma filha. A cena do acidente da criança é exageradamente melodramática. Mas até hoje emociona.

19. AMAR FOI MINHA RUÍNA (Leave Her to Heaven, 1945), de John M. Stahl – O afogamento

















Outra produção de David O. Selznick, AMAR FOI MINHA RUÍNA é um estranho film noir em belo colorido e com um título nacional que pode enganar muita gente. O filme se aproxima mais do horror do que do melodrama. E a cena em questão é perturbadora e mostra até que ponto vai a maldade da protagonista, ao planejar e assistir o afogamento de um garotinho. Um dos grandes papéis de Gene Tierney.

20. ZOMBIE – A VOLTA DOS MORTOS / ZUMBI 2 – A VOLTA DOS MORTOS (Zombie 2, 1979), de Lucio Fulci – A mulher, o tubarão e o zumbi

















Como um diretor consegue juntar três coisas de grande apelo popular como uma mulher seminua, um tubarão e um zumbi numa mesma cena? Lucio Fulci conseguiu em um de seus filmes mais celebrados. É o tipo de cena que a gente gosta de mostrar para os amigos. Nem é o melhor filme da fase de ouro do horror italiano, mas é difícil esquecer da cena, tanto pela utilização dos três elementos quanto pela qualidade dos efeitos especiais. Ainda por cima, levando em consideração a época e as circunstâncias.