domingo, junho 05, 2011

X-MEN - PRIMEIRA CLASSE (X-Men – First Class)



Não deixa de ser uma bela surpresa o fato de X-MEN – PRIMEIRA CLASSE (2011) ter conseguido trazer de volta a dignidade para a franquia, depois do ridículo filme solo do Wolverine. Assim como acontece com os três filmes originais, é preciso relevar as mudanças radicais entre quadrinhos e cinema. Como desde o primeiro filme dirigido por Bryan Singer (X-MEN, 2000) a cronologia e os personagens foram todos zoados em relação aos quadrinhos, não se poderia mesmo querer fidelidade nesse prequel, passado quase que totalmente na primeira metade dos anos 1960.

Aliás, curioso vermos heróis da Marvel envolvidos em fatos históricos. Tudo bem que não é inédito: temos o caso do Capitão América na Segunda Guerra Mundial e do Justiceiro como ex-combatente do Vietnã, mas a Marvel sempre tentou driblar o efeito do tempo. Como explicar, por exemplo, o fato de Nick Fury ter lutado na Segunda Guerra Mundial e ainda não ser um velhinho caquético? Mas isso faz parte do aspecto épico dos quadrinhos Marvel (e DC). O fator tempo interfere muito pouco na história dos seus personagens, que precisam ser eternizados e renovados aos novos tempos sempre que necessários.

Por isso é interessante vermos os jovens Charles Xavier e Magneto juntos no período da Guerra Fria e da crise dos mísseis em Cuba. Essa década curiosamente representa a criação dos X-Men originais por Stan Lee e Jack Kirby. Pena que sobraram poucos heróis interessantes da formação original, já que os roteiristas da franquia queimaram no primeiro e nos filmes seguintes o Ciclope, a Jean Grey, o Anjo e o Homem de Gelo. Dessa formação original, sobrou apenas o Fera para explorarem. E até que foi bem explorado. Ao mesmo tempo, aproveitaram para trazer uma personagem bem interessante, mas já surgida na fase Chris Claremont/John Byrne: Emma Frost, um tanto deslocada na pele de January Jones, que muito provavelmente só foi escolhida por ter ficado famosa em MAD MEN, a aclamada série sobre os Estados Unidos na década de 60.

Como os personagens principais são Xavier e Magneto, nota-se que o esqueleto original do roteiro abortado do filme sobre Magneto está lá. Assim, a maior ênfase está justamente na origem de Magneto (muito bem representado por Michael Fassbender). O fato de ele e sua mãe terem sido levados para os campos de concentração e isso ter provocado a sua raiva devoradora contra a humanidade funcionou muito bem. A cena do pequeno Magneto explodindo de raiva e mostrando a extensão de seus poderes é uma das mais interessantes desse início.

Além do mais, é muito bom ver um filme de super-heróis cuja base esteja mais nos diálogos e na construção narrativa do que em efeitos especiais e pirotecnia. E por isso deve-se dar os parabéns a Mathew Vaughn por ter conseguido fazer uma obra bem construída e bem amarrada e com elementos que remetem aos antigos James Bond. Tudo funciona muito bem pelo menos até perto do final, quando nota-se uma pressa para acabar logo com o fio principal da trama. Por isso é no final que o filme mais se aproxima dos genéricos de ação. Mas parece que isso é quase impossível de se fugir nos dias de hoje, embora não custasse tentar.

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