quinta-feira, abril 14, 2011

A COLINA DOS HOMENS PERDIDOS (The Hill)



Mais um grande cineasta deixou o nosso mundo. Sidney Lumet faleceu no último dia 9, aos 86 anos, deixando como filme-testamento uma obra impecável, uma das melhores de sua longa e diversificada carreira. ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO (2007) é um trabalho extraordinário e fez com que muitos esperassem com ansiedade pelo próximo trabalho do mestre. Infelizmente não haverá. Mas temos uma vasta filmografia a explorar. Lumet começou dirigindo episódios de séries para a televisão nos anos 1950 e estreou no cinema com um drama judicial que se transformou em um clássico: 12 HOMENS E UMA SENTENÇA (1957).

A fim de ver um filme inédito para mim do diretor como uma forma de homenageá-lo, estava à procura de O HOMEM DO PREGO (1964), drama elogiadíssimo que deve estar em algum lugar aqui na minha bagunça. Em vez dele, encontrei este A COLINA DOS HOMENS PERDIDOS (1965), feito praticamente na mesma época. Trata-se de um filme sobre militares presos numa penitenciária para desertores, ladrões, gente que desrespeitou o código militar na época da Segunda Guerra Mundial. Sean Connery, já um astro que havia feito três filmes como James Bond e um filme com Alfred Hitchcock, é o protagonista deste drama tenso que é um primor de direção e movimentação de câmera do primeiro ao último fotograma.

Lumet preferiu fazer um filme sem utilização de música, tornando-o ainda mais tenso e realista. Há utilização de muitas gruas, travellings e profundidade de campo, como também uso de câmera na mão em alguns momentos. A trama acompanha um grupo de cinco militares que vão para essa prisão que tem como principal "atrativo" um morro onde os presidiários são obrigados a subir e a descer até a exaustão, com um peso nos ombros. Detalhe: a prisão é localizada no norte da África e o calor é capaz de fazer alguns deles desmaiarem. O filme foca na relação desse grupo de homens com dois militares perversos, que tiram o personagem de Connery para Cristo sempre que podem. Do grupo de prisioneiros, além de Connery, o mais corajoso e companheiro é um negro, interpretado por Ossie Davis, que chegou a trabalhar com Spike Lee em seus primeiros filmes e representa a resistência negra nos Estados Unidos racista dos anos 60. O filme parece um pouco teatral às vezes pelo uso de muitos diálogos, mas não há como não negar sua grandeza. Além do mais, o final brusco mostra o quanto Lumet estava antenado com um tipo de cinema mais moderno.

Agradecimentos especiais a Carlão Reichenbach, que gravou uma cópia desse filme para mim já faz alguns anos e só agora o vi.

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