quarta-feira, maio 26, 2010

24 HORAS - OITAVA TEMPORADA (24 - Season Eight)



Foram longos nove anos de uma série que foi bem representativa dos anos 2000. Foi inclusive antecipadora dos eventos de 11 de setembro de 2001. A paranoia dos americanos diante dos ataques terroristas e o trabalho de uma equipe especializada, em especial de seu melhor agente, Jack Bauer, eram o mote da série. Dar sinais de cansaço depois de tantos anos no ar, seguindo uma fórmula, é natural. Mas apesar das várias repetições (sempre há um agente infiltrado na CTU, sempre há mais vilões por trás de outros vilões, sempre há mortes de personagens queridos ou importantes), a série só teve um momento ruim mesmo durante a sexta temporada. A temporada passada foi excepcional e a oitava e última (2010) começou muito bem, teve os seus momentos de menor brilho lá pelo meio e fechou de maneira brilhante.

No começo, eu me interessava mais pelas mulheres da série, principalmente Renee Walker (Annie Wersching) e Dana Walsh (Kate Sackhoff, conhecida de quem acompanha a série BATTLESTAR GALACTICA). Renee foi uma personagem de destaque da temporada passada. Uma agente do FBI que teve um dia de cão ao lado de Jack Bauer. Os estragos na moça foram grandes. Ela abandonou o trabalho e teve sequelas, tornando-se uma mulher violenta e suicida. Ela é convidada a participar de uma missão para se infiltrar num grupo de terroristas. O que Jack não sabia era que o tal sujeito que ela vai encontrar a violentou brutalmente na última vez que ela se infiltrou no grupo. E ela agora quer sangue.

Quanto à Dana Walsh, no início da temporada ela encabeça uma subtrama que não tem relação com a trama principal, de um ataque ao presidente de uma fictícia república islâmica, que está nos Estados Unidos para assinar junto com a presidente Allison Taylor e o presidente da Rússia um acordo de paz. Descobrimos que Dana usa uma identidade falsa e que agora está sendo perseguida por um sujeito do passado, que descobre o seu paradeiro e começa a fazer chantagem para ganhar dinheiro. A subtrama parece saída de uma film noir B dos anos 50 e isso dá um ar delicioso à narrativa. Quem também dá as caras nessa temporada e se sai muito bem, inclusive nas cenas de ação, é Freddy Prinze Jr, no papel de um agente novo da CTU e namorado de Dana.

Mas o que tornou esta temporada de despedida realmente especial foi a grande virada que os roteiristas e produtores deram à série em sua reta final, transformando Jack Bauer numa espécie de Frank Castle, o Justiceiro dos quadrinhos. Em busca de vingança, Jack é capaz de estripar um sujeito só para retirar um cartão de memória e vestir uma armadura e sair atirando num túnel em busca do ex-presidente Charles Logan, em momento antológico. Logan, aliás, é muito provavelmente o grande vilão de toda a série. Ele destila veneno como o Iago de "Othelo" e influencia as decisões da presidente Taylor, de modo que ela se encrenca mais e mais. Só assim para tornarem a personagem mais interessante.

Impressionante como a busca de vingança de Jack, inicialmente encarada com surpresa pelo espectador, nos deixa com sede de vingança também. O que eles fizeram com o personagem foi histórico. Não se trata aqui de fazer uma apologia à violência, mas de tornar Jack Bauer um sujeito não apenas um salvador da pátria incompreendido, mas também um homem que é capaz de atos brutais, que são coerentes no momento em que também estamos contaminados por esse sentimento de vingança. Claro que a Fox não ia levar esse massacre às últimas consequências no episódio final, mas ainda assim as decisões dos roteiristas foram acertadas. E, puxa, aquela cena final, do Jack conversando com a Chloe, sua fiel escudeira, me levou às lágrimas. Bauer foi, sem dúvida, o personagem da vida de Kiefer Sutherland. E o fim de 24 HORAS, junto com o de LOST, marca o fim de uma era. O que virá a seguir?

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