quinta-feira, setembro 03, 2009

OS CURTAS DE GUERRA DE HITCHCOCK



Os curtas de guerra que Alfred Hitchcock dirigiu em 1944 para o Ministério da Informação britânico não são lá exemplos de grandeza na carreira do mestre. No máximo, servem como curiosidade para aqueles que têm interesse na obra do cineasta ou são entusiastas da Segunda Guerra Mundial. Os dois curtas foram produzidos na Inglaterra, mas são falados em francês e foram feitos com a ajuda de homens que pertenciam às Forças Francesas Livres. A intenção era mesmo fazer filmes enaltecendo a Resistência Francesa. Mas se Howard Hawks fez um grande filme de propaganda nos Estados Unidos com FORÇA DE HERÓIS em pleno calor do combate e John Ford fez o maravilhoso FOMOS OS SACRIFICADOS, após o fim do guerra, Hitchcock não foi tão feliz em sua contribuição para a batalha do século. E a intenção de Hitchcock foi mesmo dar uma pequena contribuição ao esforço de guerra, já que ele dizia ser gordo e velho demais para combater.

BON VOYAGE

Até tem alguns momentos de BON VOYAGE (foto) que lembram OS 39 DEGRAUS (1935), mas seus maiores pecados são ser confuso e aparentar certo desleixo técnico. Talvez por ter sido feito às pressas e sem pensar no futuro, naqueles que assistiriam o filme muitos anos depois da guerra, o filme parece meio atropelado na narrativa. A trama envolve um homem da Royal Air Force que atravessa a França com a ajuda de membros da resistência. Ele encontra um oficial polonês que o ajuda, mas que depois ele descobre ser um membro da Gestapo. Mas estou escrevendo isso com a ajuda do livro "Hitchcock/Truffaut - Entrevistas", já que na maior parte do filme eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Talvez rever seja uma boa para esclarecer e dar uma nova chance ao filme, mas confesso que não estou com a mínima vontade. Uma cena autenticamente hitchcockiana se salva desse trabalho de encomenda: a da morte da moça francesa.

AVENTURE MALGACHE

Menos confuso que BON VOYAGE, AVENTURE MALGACHE se passa em dois tempos. Em 1944 e no flashback, em 1940. Nota-se que a intenção de exaltar o esforço da Resistência é mais enfatizado nesse trabalho. O filme começa com um grupo de atores que interpretam Molière num teatro. E é numa conversa nos bastidores que um deles relembra dos tempos que foi participante ativo da Resistência, quando mantinha uma estação de rádio usada para combater os nazistas. 1940 foi o ano em que os franceses se renderam aos alemães e se tornaram seus "aliados". Madagascar, então colônia francesa, foi deixada para decidir se seguia os passos de seu colonizador ou se ficava com os britânicos no combate aos nazistas. Pequenos detalhes como esse ajudam a enriquecer os conhecimentos sobre a Segunda Guerra, mas o filme não facilita muito para aqueles que não estão a par da historia da guerra e precisam se situar nos acontecimentos.

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