terça-feira, setembro 29, 2009

GET THRASHED - THE STORY OF THRASH METAL



O meu interesse por rock pesado começou lá por volta de 1990. Foi mais ou menos na época que o Guns N' Roses estourou. No mesmo ano eu conheci um colega da escola que me apresentou a um monte de bandas de metal, tais como Metallica, Iron Maiden, Helloween, Megadeth, Anthrax. Dessas, a que me conquistou de vez mesmo, a ponto de até hoje eu acompanhar a carreira, ainda que com menos entusiasmo, foi o Metallica. Mas talvez seja porque o Metallica transcendeu o thrash metal, soube se reinventar no histórico ano de 1991, ano em que também surgiu o furacão chamado Nirvana e o revolucionário ACHTUNG BABY, do U2. Mas vou tentar me concentrar apenas no thrash metal, já que esse é o tema do documentário GET THRASHED - THE STORY OF THRASH METAL, que começou a passar em festivais em 2006 e foi lançado em dvd nos Estados Unidos no ano passado.

GET THRASHED tem uma aura saudosista ao falar, através de depoimentos de membros de bandas e de fãs e de imagens de arquivo, dos anos dourados do thrash metal, que tem como ano base 1983, o ano do lançamento de KILL'EM ALL, o álbum de estreia do Metallica. O tipo de som que o Metallica apresentou nesse álbum era algo então inédito. Trouxe mais ferocidade para o metal, com um som onde predominava a velocidade e o peso. Depois, o próprio Metallica foi deixando um pouco de lado a crueza do seu álbum de estreia e lapidando mais o seu som, a cada novo disco. Vale dizer que a trajetória do Metallica até o "álbum preto" (1991) é invejável. Mesmo aqueles que implicaram com os novos rumos que a banda tomou a partir da década de 90 reconhecem a importância decisiva da banda para o estabelecimento daquele novo som que surgia na Califórnia e que tomou de assalto o mundo. Isso, sem ter nenhum apoio de rádios, já que o som era bem anticomercial e as bandas se mantinham com a vendagem dos discos e com os calorosos shows.

O documentário começa mostrando a cena thrash em Los Angeles e San Francisco, que trazia, além do Metallica, o Megadeth e o Slayer. O Megadeth surgiu depois que Dave Mustaine levou um pé na bunda dos membros do Metallica e resolveu formar a sua própria banda. Já o Slayer trouxe o thrash metal para um novo patamar, ainda mais agressivo e destruidor. Completando o quadrado das "big four", surge também o Anthrax, em Nova York. O diferencial do Anthrax era a utilização de vocais mais melódicos, em comparação com o que era então utilizado pelas outras bandas. Vale destacar que o thrash metal também tinha todo o cuidado musical que o heavy metal tradicional também tinha.

Depois de mostrar a cena californiana e novaiorquina, o documentário mostra o thrash metal ao redor do mundo. Alemanha, Canadá, Austrália e até o Brasil, com o Sepultura, foram lembrados rapidamente no documentário. O que causa o início do fim no gênero é o fenômeno Nirvana. De repente, as bandas grunge de Seattle que inicialmente abriam para as bandas de thrash metal nos shows (caso do Alice in Chains) foram alçadas ao estrelato e dominaram a atenção dos fãs de rock pesado. O thrash parecia ter ficado para trás e só passou a ser seguido pelos fãs mais fiéis, já que o próprio Metallica também já havia abandonado o estilo, à procura de um novo som. O thrash metal acabou sobrevivendo na fusão com outros estilos, fazendo com que uma banda como o Pantera conseguisse espaço naquela época.

Como vivi mais a década de 90 na música do que qualquer outra década, não tenho esse saudosimo dos tempos áureos do thrash metal oitentista, já que eu comecei a acompanhar quando o estilo já estava em declínio. E, pra falar a verdade, depois que fui conhecendo bandas mais sentimentais, como os Smiths, the Cure, o próprio U2 e o rock mais básico dos Ramones e das novas bandas punk que surgiam, ao mesmo tempo que ia descobrindo os clássicos (Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, The Doors, Bob Dylan) e as bandas que surgiram na década de 90, fui deixando um pouco de lado meu interesse pelo metal. Que hoje se resume a Metallica e de vez em quando a uma audição de CHAOS A.D., do Sepultura. Mas, mesmo tendo ficado para trás, lembro com carinho daqueles anos de descoberta de um som que eu não sabia que existia e que era/é ao mesmo tempo tão rico e empolgante.

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