terça-feira, dezembro 16, 2008

EU, MEU IRMÃO E NOSSA NAMORADA (Dan in Real Life)



Hoje, numa lista de discussão, recebi email do amigo Marcelo Reis, sobre um artigo que diz que, de acordo com estudos, as comédias românticas prejudicam a vida afetiva. Achei interessante o artigo, mas sei lá, acho que a gente às vezes precisa de esperança. Em todos os campos da vida, não apenas no afetivo. E por isso você se anima quando está se preparando para um concurso ou quando acredita que aquela menina está "dando mole" pra você. E você eventualmente quebra a cara. Sei que falando assim fica parecendo uma coisa meio "How Soon Is Now?", dos Smiths, mas é mais ou menos isso que acontece. Porém, no período em que aquela esperança está no seu sangue, um novo motivo de viver reacende o brilho dos seus olhos. Pena que nem sempre o sucesso acontece. Geralmente é o caso de levantar do chão e prosseguir. Fazendo esse discurso, dá a impressão de que estou falando de alguma situação pessoal do momento. Mas sei que é pessoal pra mim e pra mais um monte de gente.

Ainda que as comédias românticas sejam mesmo prejudiciais à vida afetiva, por trazerem um idealismo que nunca vai ocorrer, não dá pra viver o tempo todo lendo direto Machado de Assis, vendo filme do Robert Bresson ou lendo Schopenhauer. Tem horas que a gente prefere um doce, não um café amargo. Não que eu goste ou tome café. O fato é que eu ia até falar de outro filme hoje, mas esse artigo me conectou a esta comédia romântica que vi recentemente: EU, MEU IRMÃO E NOSSA NAMORADA (2007), de Peter Hedges, diretor de DO JEITO QUE ELA É (2003) e roteirista do ótimo UM GRANDE GAROTO (2002). Que pra mim é um exemplo de comédia romântica quase perfeita. A presença de Hugh Grant ajuda bastante.

Não que Steve Carell não tenha boa presença de cena. Na própria série THE OFFICE, vivendo o chefe sem-noção de uma empresa de papel, ele já havia demonstrado que, quando queria, sabia emocionar dentro do registro dramático. Em PEQUENA MISS SUNSHINE, então, ele está praticamente irreconhecível, como um homossexual que tentou o suicídio. Há de comum entre esses papéis aquele jeitão loser de Carell. Em EU, MEU IRMÃO E NOSSA NAMORADA (odeio esse título), ele é um viúvo, pai super-protetor de três garotas: duas adolescentes e uma ainda criança.

Porém, o filme não é apenas Carell. Há a curiosa e sempre bem-vinda presença da encantadora Juliette Binoche. De quem eu gosto muito desde os anos 80. Mas não sei se ela combina com o gênero "comédia romântica". Ela funciona mais como o interesse amoroso do protagonista, o que lhe traz esperança. Pena que no mesmo dia em que ele a conhece, o personagem de Carell descobre que ela é namorada do seu irmão (Dane Cook). Completando o bom elenco, há coadjuvantes de luxo como Diane Wiest (viram que ela está concorrendo ao Globo de Ouro por IN TREATMENT?), Amy Ryan (bem apagada no filme) e a sexy inglesinha Emily Blunt.

Se eu gostei do filme? Diria que sim, afinal, quando um filme te deixa olhando os créditos subindo na tela durante alguns minutos antes de você desligar o aparelho de dvd ou sair do cinema é sinal de que ele mexeu com você de alguma maneira. Mas não se trata do filme que vai ficar com você depois da sessão ou causar arroubos de emoção ou mistura forte de lágrimas e risos. O filme segue uma fórmula do gênero que já dura desde Lubitsch, Cukor, McCarey. Mas é agradável e passa rapidinho. E as canções são legais. Até baixei a trilha sonora, de um tal de Sondre Lerche. Alguém conhece?

P.S.: Aproveito para fazer dois avisos. O primeiro é que a Zingu! de dezembro já está no ar, com destaque para o dossiê Reynaldo Paes de Barros, Aguilar escrevendo sobre UMA CRIANÇA POR TESTEMUNHA, Carrard sobre TENEBRE e eu participo com um texto sobre a Ludivine Sagnier, na seção "Musas Eternas", que esse mês ganhou ares de especial. O segundo aviso é que foi publicado o resultado final do ranking anos 40 da Liga dos Blogues Cinematográficos. Confiram!

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