quinta-feira, agosto 21, 2008

ERA UMA VEZ…



Depois de 2 FILHOS DE FRANCISCO (2005), a expectativa em torno do novo trabalho de Breno Silveira era grande. Afinal, a história de Zezé de Camargo e Luciano e seu obstinado pai foi o maior sucesso de bilheteria do cinema nacional desde a retomada. Sem falar que o filme também foi elogiado por boa parte da crítica, que relevou o preconceito geralmente ligado à música sertaneja. Demorou três anos para que o projeto seguinte, mais pessoal para o diretor, chegasse às telas. E duvido muito que ERA UMA VEZ... (2008) repita o desempenho do trabalho anterior de Silveira, embora o filme tenha atrativos suficientes para conquistar uma grande platéia. Até porque a velha estória de Romeu e Julieta, dessa vez transposta para a realidade do Rio de Janeiro, apesar de um tanto batida, ainda consegue despertar a simpatia e o interesse do espectador.

O destaque de ERA UMA VEZ...está no bom desenvolvimento da ação e no elenco, especialmente os mais jovens: o casal de namorados Dé (Thiago Martins) e Nina (a bela estreante Vitória Frate), além do ótimo desempenho de Rocco Pitanga como o irmão de Dé, que foi parar na cadeia inocente, depois de uma série de eventos que desencadeou na morte do irmão “do meio” dos dois, assassinado por um sujeito exageradamente malvado que se tornaria o líder da boca do seu morro. E falando em morro, uma das prováveis razões para que ERA UMA VEZ...não tenha uma boa recepção seja o excesso de filmes sobre os morros cariocas. O problema é que as pessoas já devem estar cansadas de ver filmes passados no interior do Nordeste ou em favelas cariocas, com direito a cenas de festas-funk.

Entre as falhas, os personagens não têm profundidade, são mostrados sempre de maneira muito boa ou muito má. Inclusive o irmão de Dé, que passa por uma mudança radical ao se deparar com o "lado negro da força". Talvez o maior problema de ERA UMA VEZ...esteja em sua conclusão, que chega a ser tão infeliz quanto o título, que remete a contos de fadas, fábulas, coisas que não associo muito ao filme,.apesar da fonte shakesperiana, que por si mesma já deve ter nascido do inconsciente coletivo, de estórias muito mais antigas que o próprio dramaturgo inglês. Mas se na tragédia de Shakespeare a disputa é entre duas famílias, ERA UMA VEZ.. tem a função social de mostrar o preconceito na sociedade, representados de um lado pelo pai de Nina (Paulo César Grande) e do outro pela mãe de Dé (Cyria Coentro), que não querem ver seus filhos envolvidos com pessoas distantes de seu meio. No fim das contas, a boa narrativa, o simpático elenco, a fotografia caprichada, entre outros aspectos técnicos, ajudam a compensar os diversos problemas.

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