sexta-feira, agosto 01, 2008

EM PARIS (Dans Paris)



No mês de julho acredito que bati um recorde no blog, com um total de 26 posts durante o mês. Não chequei nos outros meses, mas duvido que tenha postado tanto antes. Acredito que isso pode mudar um pouco de figura nesse mês de agosto que se inicia. O mês começou não muito agradável, com o retorno a um trabalho que já não me dá prazer e com um cerco se fechando com a proibição de uso de internet. Confesso que fiquei revoltado com as medidas, o que só fez crescer em mim um espírito rebelde e briguento que parece não combinar comigo, mas que parece querer aflorar. Mas sei que ainda é cedo para tomar medidas drásticas, que preciso esfriar a cabeça, e vou aproveitar o tempo que tiver livre durante as quase intermináveis oito horas que passo no trabalho tentando fazer algo útil pra mim. Sou um inimigo da ociosidade e tenho meus princípios, que podem ou não ferir as leis em vigor.

Mas voltando ao número de posts do mês de julho, acredito que isso se deveu obviamente à maior disponibilidade de tempo que tive para ver filmes em tempos de férias sem viagens, embora o tempo que tive à minha disposição nem sempre tenha sido produtivo, até mesmo pela preguiça que geralmente batia e o sono que não me deixava acordar cedo de manhã para as tão valorizadas caminhadas. Se me dediquei tanto ao blog foi um pouco por estar (por vontade própria, ou por força das circunstâncias ou por culpa dos astros, não sei) pouco inserido na vida social e de estar satisfeito com os meus livros e meus filmes e também empolgado com a reforma do quarto, que no final contribuiu para um maior conforto e melhor qualidade de vida pra mim, creio eu. Não que eu não tenha dado minhas escapulidas, mas acho que foi pouco. Para o mês de agosto - que já tem fama de ser um mês de filmes ruins -, com uma maior falta de tempo para ver e escrever sobre fimes, a regularidade das postagens deve diminuir, mas pretendo manter esse espaço vivo, pois é uma das poucas coisas que têm me dado prazer ultimamente.

E falando em (falta de) prazer, façamos logo um link com o filme em questão: EM PARIS (2006), de Christophe Honoré, que emula o clima da Nouvelle Vague (a foto acima não é a cara do cartaz de DOMICÍLIO CONJUGAL?) e até reinventa, para os novos tempos, o Antoine Doinel de Truffaut, na figura de Jonathan (Louis Garrell), personagem que tem uma alegria de viver que é o extremo oposto de seu irmão, o depressivo Paul (Roman Duris). A depressão de Paul parece ter resultado da separação com a esposa (Joanna Preiss). E assim, o filme se divide em dois: de um lado, há a letargia que a depressão e a profunda apatia de Paul com a vida, que chega a contaminar o espectador; e de outro, vemos, talvez até com mais distanciamento, a agitada vida amorosa de Jonathan, capaz de ficar com três garotas num mesmo dia.

E é justamente esse caráter quase esquizofrênico que fez com que o filme não despertasse em mim mais do que uma apreciação à distância. Ainda assim, não há dúvida de que trata-se de um belo filme, que trabalha de maneira diferente e delicada o relacionamento entre os irmãos e o pai, o único que tenta se esforçar para tornar aquela família de três homens em algo minimamente harmonioso. E talvez tenha sido justamente ele, um personagem coadjuvante, que me causou mais comoção. Há uma cena em que ele pede a Jonathan que o ajude a sair para comprar uma árvore para enfeitar na noite de Natal e ele faz pouco da idéia, deixando que o velho cuide de tudo sozinho. (Talvez a minha simpatia pelo velho se deva ao fato de eu também ter um débito com meu pai que não posso mais pagar, pelo menos nessa vida.) A cena do tapa que o velho dá num dos rapazes também é bem bonita, bem como o pular da ponte. Assim, mais do que um filme sobre os extremos - a depressão e a extrema alegria - ou um filme sobre a perda de um relacionamento ou o desapego às relações amorosas, EM PARIS talvez seja um filme sobre a distância existente entre as pessoas que deveriam ser as mais próximas, no caso, a família.

O mais novo filme de Honoré, o musical CHANSONS D'AMOUR (2007), conta novamente com Louis Garrel, além da sexy Ludivine Sagnier e dizem que é melhor ainda. É esperar pra conferir. Se é que vai ser lançado no Brasil, mas isso é só um detalhe nos dias de hoje. Dá pra ver o trailer no youtube.

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