quarta-feira, abril 02, 2008

ELEIÇÃO 2: A TRÍADE (Hak Se Wui Yi Wo Wai Kwai / Election 2)



Diferente do que ocorreu quando vi o primeiro ELEIÇÃO (2005), não tive nenhuma dificuldade de entender a trama dessa continuação, ELEIÇÃO 2: A TRÍADE (2006), até porque trata-se de um filme bem simples e direto e com muito mais ação e violência e menos conversas em lugares escuros. Aqueles que não viram o primeiro filme não precisam se preocupar e podem ver esse segundo sem nenhum problema. Mas claro que o ideal é ver o primeiro filme antes, cujo final, mostrava a ascenção ao poder nas tríades de Hong Kong de Lok (Simon Yan). Dessa vez, passaram-se dois anos e uma nova eleição para líder se aproxima. Alguns membros começam a se manifestar com entusiasmo para receber o cetro do poder e saber o que é ter o gostinho de se sentir poderoso durante os próximos dois anos. De acordo com os anciões da Tríade, o melhor nome para assumir o posto é Jimmy Lee (Louis Koo), um bem sucedido homem de negócios que ganha bastante dinheiro com a pirataria de dvds pornôs. Jimmy no fundo quer mesmo fazer as vontades da esposa: deixar a tríade, se é que isso é possível, e começar a negociar legalmente. Mas como isso não é possível, ele vai aceitando o papel de mais forte dos candidatos. O problema é que Lok, com sede de poder, não quer "largar o osso". E tenta agir com brutalidade e contra as tradições milenares da sociedade. Para a polícia chinesa, Jimmy seria um candidato bom para encabeçar a Tríade, garantindo dois anos de paz, se ele aceitar fazer um pacto com os policiais.

Quem já viu do que esses homens são capazes de fazer no primeiro filme, podem esperar ainda mais violência nessa seqüência. Sem armas de fogo, mas com uma criatividade e requintes de crueldade poucas vezes vistos no cinema eles executam seus assassinatos a sangue frio. Nesse novo filme, o que mais chama a atenção é a seqüêcia que mostra os inimigos de Jimmy presos num canil e uma certa cena envolvendo um moedor de carne. Outra seqüência empolgante envolve lutas de faca nas ruas. É por isso que não é à toa que Johnny To anda encabeçando as listas de melhores cineastas da atualidade. Os filmes de To não se tratam apenas de entretenimento violento e cheio de testosterona, mas cinema sofisticado, de bela concepção visual e com uma intenção política que faz do filme uma metáfora da relação existente entre Hong Kong e a China.

Quanto ao virtuosismo de To, já demonstrado com força total no ótimo BREAKING NEWS - UMA CIDADE EM ALERTA (2004), dessa vez é mostrado de maneira mais sutil, fazendo com que nós prestemos mais atenção na trama e menos nos maravilhosos movimentos de câmera de que ele é capaz. Talvez ELEIÇÃO 2 e EXILADOS (2006), ambos do mesmo ano, sejam exemplos da maturidade do cineasta, que tem uma capacidade invejável de criar um jogo de interesses inédito num fime policial (ou "de máfia") que poucos cineastas americanos são capazes de construir. Uma pena o filme não ter passado nos cinemas brasileiros, indo direto para as locadoras. Talvez a violência mais pesada desse segundo filme tenha tornado difícil colocá-lo no circuito alternativo e o fato de o primeiro filme não ter sido distribuído no circuitão descartou as chances de uma distribuição maior. Mas isso é uma coisa com que já devíamos estar acostumados, já que filme oriental distribuído nos cinemas é mais exceção do que regra.

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