
Acho que eu nunca saí do cinema com tanta vontade de correr, pular ou dançar quanto no último sábado, depois da sessão de ADRENALINA (2006), thriller de ação non-stop totalmente demente. É o filme que pode colocar Jason Statham no rol dos grandes heróis dos filmes de ação. Para confirmar isso, basta ele começar a fazer filmes mais sérios também. Na trama de ADRENALINA, Statham é um assassino de aluguel que é envenenado pela máfia. Em suas veias está um composto sintético chinês que o mata aos poucos. A única chance de adiar a sua morte é elevando a adrenalina ao máximo. Assim, ele procura as mais variadas formas de manter o coração pulsando aceleradamente. Cheira cocaína, injeta adrenalina artificial, arranja briga com gângsters, transa em público, entra com carro e tudo dentro do shopping, entre outras coisas. A ação do filme é praticamente ininterrupta com pouquíssimas pausas para respirar. ADRENALINA apresenta os noventa minutos mais alucinados que eu já vi, até mais que os filmes das Panteras do McG. Talvez o único filme recente que se aproxima de ADRENALINA seja NO RASTRO DA BALA, de Wayne Kramer.
Há violência gráfica mas ela é cartunesca, não chega a chocar a audiência. Ao contrário, tudo é muito engraçado e divertido. Os diretores, os estreantes Mark Neveldine e Brian Taylor, utilizam os mais diversos recursos para tornar o seu filme ágil, como se fosse uma versão simplificada e mais próxima dos videogames de CORRA, LOLA, CORRA. Pode-se dizer que o filme também é derivado do estilo elétrico de seriados como 24 HORAS e PRISON BREAK, que lidam com prazos absurdos a cumprir. Entre os inúmeros recursos utilizados, há a propaganda explícita do Google Earth, a câmera subjetiva, os caracteres escritos na tela estilo Tarantino, variações de velocidade de câmera e de textura na fotografia. A presença de Amy Smart como a namorada de Statham é um dos destaques do filme, principalmente na cena dos dois fazendo sexo em praça pública ou na cena do blowjob dentro do carro.
Claro que não faltam detratores para o filme. Quem não curte o senso de humor do filme e acha que cinema é só roteiro, com certeza vai odiar ADRENALINA. Neveldine e Taylor em nenhum momento tentam disfarçar o fato de que aquilo ali é um filme B de ação que não se leva muito a sério. O humor negro faz piada até com os árabes, como na cena em que Statham toma o veículo de um taxista e o joga para a multidão furiosa dizendo que ele é do Al-Kaeda. Pra completar, depois de tanta ação e diversão, o final não decepciona.
Depois dessa descarga de energia, quando saí do cinema, estava pronto pra fazer qualquer outra coisa. Mas como estava sozinho e sem destino, acabei vendo um segundo filme no Dragão do Mar, não sem antes passar na locadora para alugar uns DVDs de SEINFELD, comprar as mais recentes edições de Demolidor e Marvel Max e comer pastel com Coca-cola.
P.S.: Não deixem de ler o divertido texto que o Diogenes escreveu para o filme em seu blog.