sexta-feira, abril 05, 2019

SHAZAM!

É interessante notar a guinada que a Warner/DC deu até chegar em SHAZAM! (2019), de David F. Sandberg, o filme mais voltado para a comédia do Universo Compartilhado DC até o momento. No entanto, embora a Warner tenha uma tradição de fazer produções mais sombrias desde suas origens com os filmes de gângster, lá pelos anos 1990, houve o trabalho de Joel Schumacher nos filmes do Homem-Morcego; além do mais, muita gente quer esquecer do fracasso que foi LANTERNA VERDE, de Martin Campbell, que também enveredava pelo terreno da comédia.

De todo modo, o caminho que MULHER-MARAVILHA começou de maneira suave, que LIGA DA JUSTIÇA tentou sem sucesso, e que AQUAMAN conquistou rindo de si mesmo, atinge o seu auge em SHAZAM!, que tem uma leveza muito bem-vinda ao contar a história de um garoto que, através de um encontro quase que casual com um mago, se transforma em um super-herói muito poderoso.

O que não deixa de ser uma ironia é o fato de que atualmente são super-heróis de segundo escalão da DC Comics que estão conseguindo sucesso entre os fãs. Primeiro Aquaman; agora o Capitão Marvel/Shazam. Ambos super-heróis que tiveram uma trajetória bastante tortuosa nos quadrinhos. No caso do Capitão Marvel, pode-se dizer que houve até mesmo uma auto-sabotagem por parte da DC, já que o personagem foi inspirado no Superman e, ainda por cima, tinha esse problema de ter o mesmo nome de um super-herói da Marvel. Tanto que no filme o herói não tem um codinome, e ainda brinca muito com isso.

SHAZAM! começa apresenta o arqui-inimigo do herói, na figura de um bem jovem Dr. Thadeus Silvana, quando ele tem o seu primeiro contato com o Mago Shazam (Djimon Hounsou) e é rejeitado por não ser considerado digno - ele é tentado pelos demônios dos sete pecados capitais. Só muitos anos depois, com o desespero do envelhecido e enfraquecido mago, que um adolescente assume, não exatamente com tanta vontade, a imagem e os poderes do Capitão Marvel, uma entidade que tem os poderes e as virtudes de figuras mitológicas como Hércules, Sansão, Zeus etc.

O bom humor do filme é contagiante, sabendo brincar com os estereótipos das falas de vilões e também do Mago. Há também um belo colorido que serve não apenas para destacar o uniforme do herói, mas também para dar ao filme um ar de produção feita para agradar também aos bem mais jovens, por mais que os atos do supervilão possam parecer bem violentos, se vistos por crianças pequenas.

O filme ainda tem o mérito de, em meio à comédia, lidar com questões delicadas, como o sentimento de abandono dos órfãos, como é o caso de Billy Batson (Asher Angel), o menino que viria a ser o Shazam, e de seu irmão nerd Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer), que é quem ajuda o inexperiente herói a lidar com seus novos e desconhecidos poderes. Ambos são acolhidos por uma família muito carinhosa que cuida de vários meninos e meninas adotados.

SHAZAM! tem tudo para ser um sucesso. Só não tem o selo Marvel, que é quem está com toda a força atualmente no que se refere à conquista dos corações de milhões de pessoas.

+ TRÊS FILMES

HOMEM-FORMIGA E A VESPA (Ant-Man and the Wasp)

Sequência que só comprova a bela fase que a Marvel está passando, com uma pluralidade de filmes muito interessante. Este aqui, se não é tão divertido quanto o primeiro, tem algumas cenas quase que inacreditáveis, como a perseguição nas ruas envolvendo mini-carros. Mesmo sendo mais sério que o primeiro filme, fica muuito leve depois da porrada que foi VINGADORES - GUERRA INFINITA. Mas tudo bem. Era pra ser assim mesmo. Só achei que o filme é rápido demais e acaba ficando raso. Nem sobra espaço para o romance do casal de protagonistas. Direção: Peyton Reed. Ano: 2018.

OS INCRÍVEIS 2 (Incredibles 2)

Beleza de aventura, que deixa no chão um monte de outros filmes de super-heróis em sua homenagem não só ao Quarteto Fantástico, mas aos filmes de espionagem e de ação dos anos 60, com um sabor retrô muito bom. A música do Michael Giacchino é ótima e conduz muito bem o filme. Legal também focar na Mulher Elástica como protagonista da ação fora de casa, enquanto o marido fica cuidando da casa e das crianças. Direção: Brad Bird. Ano: 2018.

POWER RANGERS

Quase que o diretor Dean Israelite consegue fazer um belo filme. O problema é mesmo a fonte. Não tinha como se afastar muito do original, e acho que ele até tenta, fazendo em boa parte da metragem uma história sobre a autodescoberta e a amizade de um grupo de adolescentes. E dá liga. Fica chato quando entram os monstros, a vilã etc. e o diretor parece não se interessar em fazer algo legal com isso. Ano: 2017.

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