domingo, abril 28, 2019

VINGADORES - ULTIMATO (Avengers - Endgame)

Acho bem complicado falar de VINGADORES - ULTIMATO (2019) evitando os spoilers. Portanto, já aviso que este texto deve ser lido apenas por quem já viu o filme, a fim de que não comprometa a apreciação da obra cinematográfica. A própria Marvel já vinha guardando a sete chaves o roteiro e o que de fato acontece nesta sequência de VINGADORES - GUERRA INFINITA (2018). Os trailers disponibilizados não dão ideia do caminho que o filme trafegará e levará junto os espectadores. E isso é muito positivo, já que temos uma grande surpresa logo nos primeiros minutos.

Ora, quem conseguiria imaginar que a chegada da Capitã Marvel (Brie Larson) seria tão rápida e o reencontro dos heróis com seu algoz Thanos (Josh Brolin) ocorreria tão de imediato? Assim, depois de recolhermos nosso queixo do chão e nos adiantarmos cinco anos na narrativa, somos apresentados a heróis alquebrados, sentindo-se totalmente frustrados por não terem conseguido recuperar as joias do infinito e vivendo em um mundo tão calmo quanto um cemitério. É neste mundo terrível que reaparece do universo subatômico Scott Lang, o Homem-Formiga (Paul Rudd). E é justamente ele quem traz uma ideia meio maluca que pode ser a resposta para a resolução dos problemas da humanidade: e se pudéssemos voltar no tempo para reverter o que foi feito por Thanos?

E eis que estamos diante de mais um excitante filme sobre viagens no tempo, e que consegue aproveitar isso para homenagear os mais de dez anos de produções dos estúdios Marvel. Assim, até mesmo filmes menores, como THOR - O MUNDO SOMBRIO (2013) e VINGADORES - ERA DE ULTRON (2015), podem ser reavaliados positivamente. Como, aliás, todo o conjunto da obra do estúdio, que contou com mais acertos do que erros nesse período celebrado pelos talentosos irmãos Anthony e Joe Russo, que saem de cena como gigantes depois de quatro bem-sucedidas produções para a Casa das Ideias.

Uma das características da Marvel, desde sua criação nos anos 1960, é conseguir apresentar heróis tão humanos que se torna fácil a identificação com o público leitor. O mesmo não se pode dizer da distinta concorrência, por exemplo, que eleva quase sempre à categoria de deuses os seus heróis. Aqui, no entanto, até mesmo um deus, Thor (Chris Hemsworth), se torna humano e fraco, especialmente quando sobre si está o peso maior de ter falhado em sua luta contra Thanos em momento tão decisivo. Daí ele se entrega à bebida e fica fora de forma. A figura patética de um Thor barrigudo é motivo de riso, mas ao mesmo tempo que rimos sabemos que aquele homem-deus está sofrendo e que merece a nossa solidariedade.

Aliás, um dos grandes méritos do filme (dentre vários) é saber lidar com a trajetória de seus três principais heróis: Steve Rogers/Capitão América (Chris Evans), Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e o já mencionado Thor. Eles são a base dos Vingadores e a cena dos três avançando, já no terceiro ato do filme, para duelar contra Thanos, tem um significado simbólico muito forte.

Por isso, terminar a história com uma vitória com gosto amargo, devido à morte de dois heróis tão queridos, é também uma vitória da força da construção de personagens pelos quais nos importamos. Daí tanta gente estar saindo da sessão tão emocionada. Para quem é fã de quadrinhos, então, VINGADORES - ULTIMATO é um verdadeiro presente, algo jamais imaginado 15 anos atrás. Ainda mais quando pensamos na batalha final, trazendo tantos heróis juntos. Nem o grande número de efeitos digitais diminuem a empolgação e a torcida dos espectadores pelos heróis.

E isso acontece principalmente porque os roteiristas e os diretores sabem muito bem lidar com tantos personagens diferentes agindo em espírito de equipe no meio do caos daquela batalha. E se dizem que quadrinhos de super-heróis fazem as pessoas melhores, podemos dizer o mesmo de um filme como este, que prestigia tanto o heroísmo quanto o amor, em seu sentido mais amplo.

Falar de cada personagem aqui levaria tempo e tornaria o texto chato e sem unidade. Mas vale destacar que tivemos o melhor momento de Scarlett Johansson como a Viúva Negra; o melhor momento do Hulk (trazer o Hulk inteligente com a cara do Mark Ruffalo foi uma ideia genial, e mais genial ainda foi confrontá-lo com sua imagem no primeiro filme dos Vingadores); e o melhor momento também do Clint Barton (Jeremy Renner), como personagem atormentado - o filme começa com ele. Enfim, quem falou que três horas é demais é não pensar em quantos heróis os realizadores precisavam dar conta. E podemos dizer que o resultado foi glorioso. Eis um sério candidato a melhor filme de super-heróis já feito.

+ TRÊS FILMES

DUMBO

Eu ando bem desanimado com o cinema de Tim Burton, embora não perca nenhum filme dele no cinema. É sem dúvida um autor, mas sua ligação direta com o cinema clássico estilo sessão da tarde modorrenta me cansa um bocado. Quem sabe se trocassem o trilheiro habitual o filme ganhasse o meu interesse. Eu gosto bastante da Eva Green e sua personagem, inclusive. E o Colin Farrell também está muito bem. Mas por que tudo parece pouco atraente? Ano: 2019.

CÓPIAS - DE VOLTA À VIDA (Replicas)

É um filme que eu torcia muito para que desse certo. E até que deu, em parte. A primeira metade, focando na angústia do personagem e na sua obsessão em trazer a família morta de volta, é muito boa. O personagem do rapaz que ajuda Keanu Reeves na missão secreta também é muito bom. O filme se perde quando tenta finalizar com uma trama de gato e rato que, além de começar quando a história já está perdendo o pique, não tem tempo para conquistar o sentimento de credulidade do espectador. Direção: Jeffrey Nachmanoff. Ano: 2018.

VINGANÇA A SANGUE FRIO (Cold Pursuit)

O mesmo diretor realiza a refilmagem de O CIDADÃO DO ANO (2014). Não vi o original, mas tenho impressão que deve ser melhor do que este aqui, mesmo com a boa presença de cena do Liam Neeson. O que me incomodou nem foi a frieza com que a morte é tratada, de todas as maneiras, inclusive por parte do protagonista, mas como a gente não dá a mínima para o que acontece com os personagens e nem torce para que ele se vingue dos responsáveis pela morte do filho. Destaca-se o humor negro e o personagem do garotinho, que podia ter um papel maior. Aliás, ridículo o papel dado a Laura Dern. Direção: Hans Petter Moland. Ano: 2019.

Nenhum comentário: