terça-feira, julho 26, 2016

EXCITAÇÃO



Um dos cineastas brasileiros mais inventivos e mais esquecidos até por grande parte da crítica é Jean Garrett. Ele é o autor de obras no mínimo interessantes, como AMADAS E VIOLENTADAS (1975), POSSUÍDAS PELO PECADO (1976), MULHER, MULHER (1979) e A MULHER QUE INVENTOU O AMOR (1979), entre outros títulos ainda não vistos por este que vos escreve. EXCITAÇÃO (1976) é mais outro belo filme de gênero realizado em uma das épocas mais felizes para o cinema brasileiro, um tempo em que havia uma produção industrial que conseguia se manter e que continha um sem número de cineastas talentosos. Garrett era um nome que se destacava.

Diferente de muitos de seus companheiros da Boca do Lixo, como Antonio Meliande e Ody Fraga, por exemplo, que tinham uma natural malícia em seus filmes, Garrett utilizava a nudez e o erotismo como uma necessidade comercial para a construção de um cinema bastante vinculado aos gêneros de horror e suspense, muitas vezes se apropriando de convenções bastante conhecidas especialmente do cinema americano. Mas ele fazia isso com um jeito todo próprio.

Em EXCITAÇÃO, temos Kate Hansen como Helena, uma mulher que se muda com o marido Renato (Flávio Galvão) para uma casa nova, de frente para o mar. A casa é a mesma do prólogo do filme, que mostra um homem se enforcando. Helena está ali para se restabelecer psicologicamente de um problema, mas aos poucos ela começa não só a ver o tal homem enforcado, como a casa começa a se comportar de forma assustadora, como em filmes sobre poltergeist ou ataques de espíritos malignos.

Enquanto isso, a cada vez que ela conta o que houve para o marido, mas ele vê motivos para insinuar que ela está louca. E mais ele se aproxima da vizinha, com quem começa a ter um caso. Seus encontros com ela são à noite, à beira-mar. O som das ondas passa um clima que contribui para que o filme não só encontre um mistério sobrenatural, mas que esse mistério ganhe contornos mais abrangentes. Afinal, não sabemos ao certo o que está acontecendo com Helena.

Um bocado desse mistério é quebrado quando surge a personagem da irmã da vizinha e o filme adota um tom mais solar, o que prejudica um pouco o seu andamento. Porém, esta nova personagem terá a sua importância no enredo, num clímax inesperado e que ajuda a elevar o filme. EXCITAÇÃO é mais um híbrido de horror e erotismo que se tornou uma marca do brilhante cinema de gênero produzido no Brasil nas décadas de 1970 e 1980.

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