segunda-feira, fevereiro 08, 2016

TIRANDO O ATRASO (Dirty Grandpa)



"Vou ali ver o filme ruim do De Niro." Foi mais ou menos essa a mensagem que eu deixei a um grupo de amigos no WhatsApp. Ir ao cinema com as expectativas muito baixas, especialmente quando o filme já chega massacrado pela crítica, é uma boa maneira de ver o quanto a tal produção é capaz de ganhá-lo, especialmente em se tratando de uma comédia, gênero tão difícil de fazer.

É bem o caso de TIRANDO O ATRASO (2016), que marca mais uma participação de Robert De Niro no gênero, desde que ele viu o quanto podia ser engraçado, na virada dos anos 1990 para os 2000, com MÁFIA NO DIVÃ e ENTRANDO NUMA FRIA. De lá pra cá, até fazer brincadeira com seu personagem de TOURO INDOMÁVEL ele fez, em AJUSTE DE CONTAS, enfrentando no ringue um boxeador vivido por Sylvester Stallone.

Há quem diga que De Niro está vivendo um momento de decadência. Mas por que não acreditar que ele, em seus 73 anos bem vividos, não está aproveitando um momento de descoberta pessoal que só confirma o quanto é um ator completo? Sim, TIRANDO O ATRASO é uma comédia vulgar. Mas quem é que vai ao cinema ver este filme esperando encontrar uma comédia sofisticada? As piadas consideradas por muitos como de mau gosto também podem ser vistas como piadas corajosas para os dias de hoje, especialmente uma em especial, que envolve Zac Efron pelado numa praia e um garotinho querendo pegar em sua abelha. E o que dizer nas pegadinhas do avô no neto certinho, especialmente uma que acontece na cama?

Há poucas comédias que conseguem tirar gargalhadas da plateia assim atualmente. E sabemos o quanto o gênero comédia é tido como menor e relegado a um público menos nobre desde os tempos do teatro clássico na Grécia e posteriormente na época de Shakespeare. Não foi diferente no cinema brasileiro, tanto na época das chanchadas da Atlântida, no tempo das pornochanchadas e mesmo agora, com as chamadas "globochanchadas", que até já estamos acostumados a xingar e muitas vezes nem nos damos ao trabalho de separar o joio do trigo.

Sim, há momentos especialmente constrangedores no filme. Mas não no sentido do mau gosto de mostrar um velho se masturbando ou coisas do tipo, mas quando TIRANDO O ATRASO tenta mostrar sua faceta sentimental. Essa virada é uma das mais complicadas de fazer em se tratando de comédia, especialmente quando o texto não é nenhum primor. E esse é o caso, infelizmente. Mas ao menos podemos ver a mensagem que o filme passa ao nos mostrar o quanto é marcante e decisiva a experiência do rapaz certinho e preocupado vivido por Efron quando está com o avô.

Na trama, Robert De Niro é Dick Welley, um senhor aposentado do exército que, depois da morte da esposa, quer que o neto Jason Kelly (Efron) o leve de carro até sua casa, na Flórida. O rapaz está com o casamento marcado e está prestes a se tornar sócio em uma empresa do pai de sua noiva e por isso vive sempre preocupado quando o velho Dick tenta mudar o caminho com o objetivo de transar com uma universitária. Que não por acaso tem uma amiga que já era conhecida de Jason, a bela fotógrafa vivida por Zoey Deutch.

No caminho, muitas presepadas e situações perturbadoras aguardam Jason, como ser preso, acordar pelado em uma praia, ficar totalmente chapado, levar porrada de uma gangue, entre outras situações tão divertidas para o espectador quanto incômodas para o personagem. E o curioso é que no comecinho o filme demora um pouco a engrenar, a ganhar o espectador no território da comédia, mas aos poucos tudo fica muito divertido e resta ao espectador relaxar, curtir os bons momentos e relevar os problemas.

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