sábado, fevereiro 27, 2016

PRESSÁGIOS DE UM CRIME (Solace)



Gostando ou não gostando de 2 COELHOS (2012), o filme foi um cartão de apresentação e tanto para Afonso Poyart, que logo em seu longa de estreia foi convidado para dirigir uma produção americana estrelada por Anthony Hopkins. E é verdade que o roteiro de PRESSÁGIOS DE UM CRIME (2015) tem algo de problemático, mas o cineasta brasileiro consegue driblar alguns problemas, com seu estilo moderno e cheio de efeitos especiais – o da imagem congelada, similar à mostrada em 2 COELHOS – é usada em uma das cenas mais importantes: a que acontece em uma estação de metrô.

PRESSÁGIOS DE UM CRIME é diversão para quem gosta particularmente de thrillers policiais envolvendo assassinos seriais. E levando em consideração que o número desses filmes tem diminuído consideravelmente nos últimos anos (talvez porque o subgênero migrou para a televisão), ver um novo exemplar no cinema não deixa de ser prazeroso.

A trama nos apresenta a uma dupla de detetives, os agentes do FBI vividos por Jeffrey Dean Morgan e Abbie Cornish, que sentem a necessidade da ajuda de um médium que costumava ajudar a polícia em alguns casos especiais. O problema é que o tal médium, John Clancy (Anthony Hopkins), está passando por um momento de clausura desde que a sua filha morreu, em consequência de uma leucemia.

Mas, como não é nenhuma surpresa, sabemos que John Clancy irá sair da toca para prestar auxílio aos policiais, nem que seja por ver na detetive vivida por Abbie Cornish uma semelhança com a filha morta. É importante dizer que em nenhum momento o filme coloca em dúvida os dons de Clancy. Eles surgem em flashes do passado e do futuro em imagens tão rápidas quanto em videoclipes, também como uma forma de antecipar eventos futuros, e assim criar um suspense sobre o que acontecerá, por exemplo, com a personagem de Cornish.

O que vem deixando esses agentes do FBI preocupados é o crescente número de vítimas do assassino serial, cujo principal modus operandi é matar as pessoas com um objeto perfurante na nuca, aparentemente uma morte rápida e quase indolor. Não se sabe até então o que motivaria e o que ligaria essas vítimas, qual seria o denominador comum.

O filme se mantém firme enquanto a caça ao assassino – que também tem um dom de prever o futuro – continua sendo um mistério. O problema é quando o personagem de Colin Farrell entra em cena. Seu personagem não foi bem delineado (na verdade, é apenas um rascunho) e isso se percebe logo em sua primeira aparição e também na pressa do filme em contar as suas motivações.

Ao menos a conclusão ainda contará com uma boa cena-chave – a já mencionada cena no metrô – e incentivará alguma reflexão sobre a questão da eutanásia, de um ponto de vista mais amplo. Também conta pontos algumas surpresas no enredo, embora a execução nem sempre seja satisfatória. Ainda assim, PRESSÁGIOS DE UM CRIME entretém e até empolga durante sua projeção, principalmente se fizermos vista grossa para alguns "detalhes", como roteiro e interpretações. Como o roteiro não é de Poyart, é possível que seu retorno à direção, com a produção brasileira MAIS FORTE QUE O MUNDO, seja uma espécie de salvação para ele.

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