terça-feira, fevereiro 16, 2016

DEADPOOL



Os anos 1990 para a Marvel são tidos por muitos especialistas e fãs de quadrinhos como os piores anos da editora. Foi uma era que primou por exageros em várias frentes, inclusive nos traços dos desenhos. Foi nessa época que surgiu o Venom, um dos mais famosos inimigos do Homem-Aranha, e também foi no início dessa época que surgiu o Deadpool, inicialmente como um vilão em uma história dos Novos Mutantes e claramente inspirado em um herói da DC chamado de Exterminador. Com o tempo o mercenário falastrão foi ganhando popularidade e um título próprio. Como ele não é exatamente um herói, está liberado a matar e a ferir.

DEADPOOL (2016), o filme, nesse sentido, é muito fiel, inclusive, ao senso de humor do personagem, na quebra da quarta parede o tempo todo, nas piadinhas que se seguem à exaustão, e por aí vai. O problema é que de 100% das piadas, eu devo ter rido em apenas 5% no máximo. E nada pior do que você estar em uma sala de cinema com gente rindo e você não vendo muita graça naquilo. É como se os roteiristas e o diretor não conseguissem impor um timing exato para que essas piadas funcionassem, principalmente quando elas estão dentro das cenas de ação. Ou seja, na maioria das vezes.

Há bons momentos, como a piada envolvendo o Liam Neeson, ou as brincadeiras com as datas comemorativas e a namorada (Morena Baccarin), antes de Wade Wilson (Ryan Reynolds) ser diagnosticado com câncer e se transformar no duro de matar Deadpool. Aliás, seria preferível dizer impossível de matar. O anti-herói tem como principal característica a autorregeneração de seu corpo. E nisso cabe até uma piada tosca envolvendo um spoiler de 127 HORAS, de Danny Boyle. E essa impossibilidade de matá-lo ou feri-lo de verdade torna tudo ainda mais chato.

Sim, o filme tem esse aspecto legal de trazer uma avalanche de referências pop do mundo dos quadrinhos, mas também do mundo do cinema. E tem também a ótima caracterização do personagem com um uniforme que não parece, na maior parte das vezes, CGI, mas uma roupa de couro mesmo. Mas isso não impede, por exemplo, que essa aproximação do real faça com que a violência gráfica seja impactante. Ela está lá, mas não parece fazer diferença nenhuma. Para o bem ou para o mal. Não é como em KICK-ASS – QUEBRANDO TUDO e sua continuação. Esses sim são exemplos de filmes que usam a violência e o humor com eficiência, coisa que o diretor estreante em longas-metragens Tim Miller não consegue obter.

Resta elogiar o filme pelas brincadeiras (algumas ousadas e picantes), pelos créditos iniciais criativos, pelo sarro metalinguístico que tira com a própria produção (quando Deadpool diz que o estúdio não teve dinheiro para contratar mais x-men, por isso só aparecem Colossus e uma mutante aprendiz), pela brincadeira com a canção "Careless whisper", do George Michael/Wham!, e pela fidelidade ao personagem. Mas, sinceramente, como comédia, acho bem preferível rever o maltratado e muito mais divertido TIRANDO O ATRASO.

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