Pode até ser que a terceira temporada de GIRLS (2014) não tenha tido o mesmo impacto das duas primeiras. Mas tenho impressão que é pelo fato de Lena Dunham ter entregado o roteiro e a direção para outros, diferente, por exemplo, do que aconteceu na primeira temporada, em que ela desempenhava, muitas vezes, as funções de protagonista, produtora, criadora e roteirista da série.
Mas o que aconteceu durante esse período que culminou com a terceira temporada foi o amadurecimento dos personagens, de seus dramas pessoais. Mas também foi a temporada que mais enfatizou a personagem de Dunham, Hannah, deixando-a mais simpática do que nas anteriores, que traziam um sentimento de maior simpatia pelas mais belas Jessa (Jemina Kirke) e Marnie (Allison Williams). A desajeitada Shoshanna (Zozia Mamet) sempre foi deixada um pouco de lado, como um patinho feio.
Com o tempo os dois personagens masculinos da série, Adam (Adam Driver) e Ray (Alex Karpovsky), acabaram ganhando mais força, já que as meninas foram se tornando cada vez mais irritantes, arrogantes, egocêntricas, mimadas etc. Então, é natural que os caras que antes eram uns bobões agora se mostrem mais centrados e inteligentes, ganhando tanto espaço quanto respeito dos espectadores e das personagens femininas.
Ao mesmo tempo, é bom notar que ao fim desta terceira temporada esses defeitos das quatro moças acabam funcionando muito bem para a constituição da história em conjunto delas. Mesmo com episódios que não se ligam tanto em ganchos, como acontecem em novelas ou outras séries. Ao contrário, alguns episódios mais independentes acabam se sobressaindo, caso de "Flo", em que Hannah é chamada por sua família para visitar a avó, que está prestes a morrer em um hospital. Trata-se de um episódio extremamente sensível.
A season finale é outro momento de grande destaque. Certamente um dos melhores episódios da série. É aquele momento em que as heroínas são apresentadas a situações importantes e desafiadoras de suas vidas. Curiosamente, um dos momentos mais emocionante é o de Shoshanna, se humilhando para querer reatar o namoro com Ray. Marnie, por sua vez, ainda continua superficial, mas não deixa de ser muito interessante o relacionamento dela com o músico. Adam e sua carreira no teatro, seu sentimento de frustração ao final, também somam para tornar a série memorável. E há Jessa, em uma situação mais distante das demais, mas que lida com um assunto pesado e até um tanto recorrente no cinema atual.
Porém, como sempre é de Hannah o mais importante momento da série, com uma mudança que pode afetar a estrutura dos episódios da quarta temporada. O episódio final da temporada foi escrito e dirigido por Dunham, um dos motivos de ser tão bom.
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