domingo, dezembro 08, 2013

COMO NÃO PERDER ESSA MULHER (Don Jon)























Joseph Gordon-Levitt tem uma interessante filmografia como ator. Atualmente costuma ser mais lembrado por seus trabalhos em A ORIGEM, de Christopher Nolan, e em (500) DIAS COM ELA, de Marc Webb. Este último tem um diálogo mais próximo com o primeiro longa-metragem de Gordon-Levitt como diretor, COMO NÃO PERDER ESSA MULHER (2013). Isso porque ambos os filmes tratam de relacionamentos e ambos trazem duas beldades do cinema contemporâneo: o filme de Webb traz Zooey Deschanel; o seu filme traz Scarlett Johansson, atriz que se tornou objeto de desejo de tantos espectadores ao redor do mundo pela beleza e sensualidade.

E nesse sentido Gordon-Levitt foi muito esperto em explorar todo o fetiche que uma mulher sensual como Scarlett desperta. Ou pelo menos explorar a imagem que a mídia e os espectadores criaram dela. Neste filme ela é a mulher que mexe com a vida de um rapaz independente (o próprio Gordon-Levitt) que se recusa a ter um relacionamento estável e sempre prefere encontros casuais e transas de uma noite e a pornografia. Para ele, nenhuma mulher, por melhor que seja, consegue atingir o prazer que a pornografia aliada à masturbação são capazes. Por isso, ainda que ele tenha aceitado e querido tanto a personagem de Scarlett, Barbara, ele não consegue deixar de lado o seu vício.

COMO NÃO PERDER ESSA MULHER não chega a explorar o vício em pornografia tanto quanto SHAME, de Steve McQueen – são registros diferentes, um é drama, outro é comédia –, mas o assunto é tratado de maneira interessante. Até porque também está atrelado à culpa católica: o personagem vai toda semana à igreja se confessar para receber a devida penitência pelas masturbações e transas fora do casamento. Mas a culpa para ele não é tão grande assim, já que ele pode rezar enquanto se exercita na academia de musculação e o padre oferece sempre remissão dos pecados, o que o deixa com a consciência limpa.

Essa questão da culpa, ainda que importante para a construção do personagem, que é de uma família ítalo-americana de Nova Jersey, acaba se tornando menos importante que a exploração do relacionamento dos dois, do modo como ela consegue mandar nele e proibir que ele veja pornografia, algo que para ela é extremamente abominável. Nesse primeiro momento do relacionamento dos dois, destaque para a cena em que ela não deixa que ele entre no apartamento dela para a primeira relação sexual e, mesmo assim, com todo a voltagem sexual daquele momento, ela consegue algo impressionante. É, certamente, a cena mais sensual do filme.

Mas, COMO NÃO PERDER ESSA MULHER cresce mesmo quando começa a entrar cada vez mais na vida do protagonista a personagem de Julianne Moore, uma mulher mais velha do que ele, mas cuja experiência de vida faz com que ela saiba muito sobre ele sem precisar de muito esforço. E é nessa hora que o filme dá uma bela guinada e se transforma em um convite à reflexão sobre a vida, os amores, o sexo e a experiência versus a juventude.

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