sexta-feira, agosto 31, 2012

AMOR À QUEIMA-ROUPA (True Romance)



Uma das notícias mais impactantes dos últimos dias foi a do suicídio de Tony Scott. Confesso que não fui um fã ardoroso de seu trabalho, mas nos últimos anos, principalmente depois de ter ficado encantado com DÉJÀ VU (2006), eu comecei a prestar mais atenção e a dar o valor que acredito que ele deve merecer. Lembro que anos atrás, fiquei admirado quando vi numa lista de favoritos de Quentin Tarantino o filme DIAS DE TROVÃO (1990), que eu havia visto no cinema e odiado. É muito provavelmente o caso de rever o filme. Aliás, de rever a obra de Scott.

O filme que eu escolhi na semana passada para homenageá-lo foi um dos que eu mais gosto: AMOR À QUEIMA-ROUPA (1993), que na verdade eu lembro mais por causa do roteiro de Tarantino do que da direção de Scott. E foi ótimo poder ver o filme agora na janela correta. Mas lembro que mesmo tendo visto em VHS, não tinha me esquecido do impacto que é a cena sangrenta da luta entre Alabama, a personagem de Patricia Arquette, e o capanga vivido por James Gandolfini, que na época nem sonhava em ser tão famoso como o Tony Soprano da celebrada série da HBO.

A propósito, o elenco do filme é sensacional. Além dos protagonistas, Christian Slater e Patricia Arquette, o filme ainda conta com Dennis Hopper, Val Kilmer, Gary Oldman, Brad Pitt, Christopher Walken e Samuel L. Jackson. Inclusive, outro grande momento do filme e que é bem a cara do Tarantino é o diálogo entre Walken e Hopper, quando o personagem de Hopper, o policial amarrado pelo conselheiro da máfia irlandês vivido por Walken, provoca-o, dizendo que os irlandeses foram inseminados pelos negros. Daí ele conta da época da invasão dos mouros e deixa o mafioso cheio de raiva.

Mas o filme, apesar de ter todos esses personagens coadjuvantes que brilham mesmo que em poucos instantes, é mesmo de Slater e Patricia. Ela é a moça adorável que é paga para acompanhar o personagem de Slater numa sessão tripla de filmes com Sonny Chiba em seu aniversário. Imagina isso acontecendo com um cinéfilo que gosta de exagerar na quantidade de filmes vistos. É um sonho conhecer uma mulher bonita, atraente, que dá bola pra você, que faz sexo no fim da noite e que curte os filmes, ainda por cima. Dá até para imaginar que Tarantino escreveu o roteiro pensando um pouco nele, nerd de locadora, que não costumava pegar muitas mulheres antes da fama.

Mas mesmo com essa marca de Tarantino nos diálogos e roteiro, AMOR À QUEIMA-ROUPA tem o visual dos filmes de Tony Scott, que aqui abusa das tonalidades de cores e da luz. Além do mais, o filme tem uma cena de sexo que é difícil de imaginar nas obras de Tarantino. Scott, desde sua estreia no cinema com FOME DE VIVER (1983), já sabia usar a sensualidade a seu favor. No mais, AMOR À QUEIMA-ROUPA parece ter tantas balas quanto os filmes de John Woo. Pode ter sido uma influência consciente. Enfim, gostei muito de ter revisto o filme.