quarta-feira, agosto 01, 2012

A BELA DO BAS-FOND (Party Girl)



Após três produções frustradas, duas delas independentes, eis que Nicholas Ray volta ao studio system, para a MGM, com A BELA DO BAS-FOND (1958) e se sai muitíssimo bem. Diria que o filme é um de seus melhores trabalhos. Pra começar, é quase um milagre que um misto de filme de gângster com musical e história de amor desse tão certo, funcionasse de maneira tão bela. O diretor já havia ensaiado um musical antes com SANGUE ARDENTE (1956), mas o resultado não foi bem sucedido.

Em A BELA DO BAS-FOND, ele contou com a presença de Cyd Charisse, dos maravilhosos musicais A RODA DA FORTUNA e CANTANDO NA CHUVA. Ela também havia ganhado fama como a dona das pernas mais belas da América. E Ray e os produtores tinham que aproveitar essa oportunidade de mostrar os belos dotes da moça. Charisse podia não ser uma grande atriz para papéis dramáticos, mas também não fazia feio.

No filme de Ray ela é Vicky Gaye, uma dançarina de um clube da Chicago dos anos 1930, frequentado por muitos gângsteres. É lá que ela conhece o advogado Tommy Farrell (Robert Taylor). Famoso por ser um grande advogado, seu problema é que ele sempre advoga a causa dos bandidos. O maior deles é Rico Angelo, vivido brilhantemente por Lee J. Cobb. O ator tem umas feições de sujeito mau caráter que funcionou perfeitamente no papel. E Rico sabe ser muito perverso quando julga necessário.

As vidas de Vicky e Tommy mudam quando eles se apaixonam e resolvem sair da vida que levam: ele, deixando de defender criminosos; ela, deixando de dançar seminua e de participar de festas de gângsteres. A Hollywood da época não deixava explícita a prostituição, mas o suicídio da amiga de Vicky dá bem a entender que a vida daquelas moças do clube não era muito diferente da de um bordel. O filme cresce quando vai se tornando um thriller policial, com as ameaças e perseguições de Rico Angelo e seus capangas. E é nesse crescendo que ele vai se tornando cada vez mais tenso e empolgante.

A BELA DO BAS-FOND costuma integrar várias listas de melhores filmes de Ray. Eu não hesitaria em colocá-lo também entre os meus dez preferidos.

P.S.: Não deixem de conferir no Blog de Cinema do Diário do Nordeste os filmes que serão exibidos no Festival Varilux de Cinema Francês 2012. Deu um bocadinho de trabalho para fazer a matéria, pesquisando em sites estrangeiros, mas o legal é que eu acabei me interessando por quase todos os 17 filmes. Confira AQUI.