sexta-feira, fevereiro 10, 2012

CONTROL



O que eu achei muito sinistro na semana em que eu vi CONTROL (2007) foi a quantidade de temas relacionados a suicídio que me cercaram. Como se sabe, o vocalista do Joy Division, Ian Curtis, cometeu suicídio; e vemos o filme já sabendo o destino final do personagem. Na mesma semana, estava lendo a biografia do Fernando Pessoa, no capítulo que fala do poeta suicida Mário Sá-Carneiro. E também na mesma semana, ocorreu a morte do quadrinista Al Rio. Se eu não me engano, tinha mais coisas relacionadas a isso no período, mas não lembro. Então, resolvi deixar essa poeira malévola assentar para escrever sobre o filme.

Vi CONTROL um tanto por insistência do amigo blogueiro Cristiano Contreiras, do blog Apimentário. E foi ótimo ter visto. Tenho mesmo que agradecê-lo pelo empurrãozinho. Gostei bem mais do que esperava e até adquiri mais respeito e gosto pelo Joy Division, banda da qual eu até já tive uma camiseta, mas que na verdade nunca fui muito fã. Acho que é porque o som deles é pouco melódico. Mas vendo no filme a trajetória da banda, em especial de Ian Curtis, o vocalista, fiquei fascinado. Eis uma banda que praticamente não conseguiu obter a glória durante sua existência. O pouco que venderam, enquanto Ian estava vivo, mal dava para pagar as contas.

O filme destaca especialmente o problema de epilepsia de Curtis (muito bem interpretado por Sam Riley) e mostra um desses ataques acontecendo num show. Como rock é um gênero que parece valer tudo, boa parte do público achava que aquilo fazia parte do espetáculo. O fato de ter casado cedo demais e de não saber conviver com a doença foram fatores que acabaram contribuindo para que o quadro de depressão de Curtis se agravasse, o que acabou levando-o ao trágico fim, com apenas 23 anos de idade. CONTROL também mostra, discretamente, o último filme visto por Curtis, STROSZEK, de Werner Herzog.

A fotografia em preto e branco do filme remete a outros trabalhos do diretor Anton Corbijn, mais conhecido por seus videoclipes. "Electrical Storm" e "Please", ambos do U2, têm visual semelhante ao do filme, em belo preto e branco. Ainda há os vários vídeos que ele dirigiu para o Depeche Mode e dois para o Metallica. E o bonito de CONTROL é que não é um trabalho picotado, como se espera de um diretor de videoclipes, mas que utiliza muito bem planos mais longos e possui um andamento relativamente lento. Um trabalho admirável.

Nenhum comentário: