quarta-feira, fevereiro 16, 2011

ANTES QUE O MUNDO ACABE



Interessante notar a semelhança na utilização de hipérboles nos títulos dos dois mais importantes filmes brasileiros do ano passado a abordar a adolescência. Tanto AS MELHORES COISAS DO MUNDO, de Laís Bodanzky, quanto este ANTES QUE O MUNDO ACABE (2010), de Ana Luiza Azevedo, consciente ou inconscientemente, utilizaram títulos que têm tudo a ver com a explosão juvenil, com o exagero em lidar com a vida e com as próprias emoções. O filme de Laís Bodanzky teve um alcance maior, uma distribuição melhor, enquanto a obra de Ana Luiza ficou relegada ao circuito pequeno, mesmo tendo forte potencial para agradar grandes plateias, com sua narrativa agradável e terna.

O filme é narrado por uma criança, ainda que nem sempre ela esteja presente nas cenas do protagonista, o seu irmão mais velho, Daniel (Pedro Tergolina). Apaixonado pela namorada, Mim (a bela Bianca Menti), ele fica na mão quando ela diz que quer dar um tempo no relacionamento. Pra acabar ficando com o melhor amigo dele, Lucas (Eduardo Cardoso). O triângulo amoroso não chega exatamente a destruir a amizade dos dois amigos, embora cause alguns estragos. E é interessante notar que Mim não recebe um "ponto de vista" no filme. Ela é bela e misteriosa, enquanto os dois jovens sofrem na disputa pelo seu amor.

ANTES QUE O MUNDO ACABE também mostra um pouco dos adultos, que não são figuras necessariamente ausentes, embora haja o caso do pai biológico de Daniel, que é realmente ausente, mas que de repente começa a enviar cartas para o filho. Mas o curioso é que esses adultos sabem que o universo adolescente é um mundo à parte e pouco interferem. Dá até para ver esse excesso de compreensão da parte dos pais como um defeito, mas em nenhum momento isso chega a estragar o bom andamento.

A beleza do filme está na delicadeza com que a diretora trata seus personagens. E também em como o jovem elenco consegue a proeza de passar verdade. A direção redondinha teve um roteiro a oito mãos assinado pela diretora e mais Paulo Halm, Jorge Furtado e Giba Assis Brasil. Ou seja, homens que ajudaram a colocar Porto Alegre no mapa da produção cinematográfica brasileira.

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