sexta-feira, fevereiro 25, 2011

127 HORAS (127 Hours)



O Oscar está se aproximando e, como aconteceu nos dois anos anteriores, como forma de protesto em relação à má distribuição dos filmes em várias capitais (e outras cidades brasileiras de grande porte), resolvi optar pela "via alternativa". Em outros tempos, nenhum indicado à categoria principal deixava de estrear pelo menos até o final de semana da cerimônia. No ano passado, o caso foi ainda mais escabroso, pois o vencedor de melhor filme, GUERRA AO TERROR, havia sido lançado primeiro no mercado de dvd e só foi lançado no cinema, com poucas cópias, algumas em digital tosco, por causa da indicação ao prêmio. No ano anterior, o vencedor QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? (2008) também não estreou aqui a tempo. E pensar que anos atrás até os indicados a filme estrangeiro eram todos exibidos antes da cerimônia... Mas falando em QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?, Danny Boyle está de volta, dessa vez com um filme bem melhor. Embora, vale destacar, 127 HORAS (2010) fique atrás da maioria de seus adversários em vários quesitos.

Uma das características do Oscar deste ano é que a categoria de melhor diretor só tem gente da nova geração, gente surgida na década de 90. Os mais antigos são os irmãos Coen, que já nos anos 80 se fizeram notar. Com exceção de Tom Hooper, que segue uma linha mais clássica, os demais vieram de um cinema mais moderno. Ou modernoso. 127 HORAS não é um filme com cara de Oscar e provavelmente só foi indicado pela visibilidade alcançada por Boyle em seu premiado filme anterior. E também, claro, por ter a sua força e despertar o interesse de muitos. A história, baseada em fatos reais, não deixa de ser impressionante, e o momento mais dramático do filme, a já famosa cena de automutilação, deve incomodar os espectadores mais sensíveis.

Na trama, Aron Ralston (James Franco) parte para o deserto rochoso do Utah para fazer uma caminhada exploratória e se desligar do mundo. Para ele, a maior alegria era ficar sozinho na vastidão daquele lugar desabitado. Depois de conhecer duas garotas perdidas no deserto e de se divertir com as meninas, ele sofre um acidente. Uma pedra prende o seu braço e o mantém preso por cinco dias. A partir daí o filme segue o sofrimento e a angústia do protagonista. E até que Boyle consegue segurar o filme durante o longo momento em que o personagem de Franco está preso e tentando diversas maneiras de se livrar dali antes que morra com a pouca água e a pouca comida de que dispõe. Enquanto isso, vez ou outra, vemos flashes de alguns momentos da vida de Aron Ralston, além de momentos de delírio. Que nem sempre funcionam bem no filme, como aquele em que ele se imagina num programa de auditório. Outra coisa que incomoda é a edição picotada com que o cineasta já havia gostado de trabalhar em seu asqueroso filme anterior.

127 HORAS foi indicado ao Oscar nas categorias de filme, direção, ator (James Franco), roteiro adaptado, edição, trilha sonora original e canção original ("If I rise"). Provavelmente não ganhará nenhum dos prêmios.

Nenhum comentário: