segunda-feira, fevereiro 14, 2011
BRAVURA INDÔMITA (True Grit)
A expectativa em torno do remake do filme de Henry Hathaway protagonizado por John Wayne era grande. Isso porque quem estava à frente do trabalho era ninguém menos que os irmãos Joel e Ethan Coen, figuras que se estabeleceram como grandes e marcantes autores surgidos nos anos 1980 e que se consagraram definitivamente com o excepcional ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ (2007). BRAVURA INDÔMITA (2010), o mais novo trabalho dos irmãos é um belo filme, mas me pareceu um tanto comportado demais para o estilo dos diretores.
Um estouro de violência aqui, um pouco de humor negro ali, mas no geral BRAVURA INDÔMITA é um exemplar do velho e bom cinema clássico-narrativo americano, que pouco se diferencia do original de Hathaway de 1969, que na época já comia poeira da "nova Hollywood". E por mais que Jeff Bridges tenha alcançado uma aura cool e provado ser um grande ator, perde bastante se comparado com o lendário John Wayne, o mais célebre dos caubóis do cinema, em momento crepuscular. É uma responsabilidade e tanto aceitar o lugar que foi do "Duke". Sai "Duke", entra "Dude", o apelido que Jeff Bridges recebeu em O GRANDE LEBOWSKI (1998), talvez o trabalho mais marcante de sua carreira e que foi dirigido pelos Coen.
Na trama de BRAVURA INDÔMITA, garota que tem pai assassinado (Hailee Steinfeld) vai à procura de um homem com experiência para caçar o assassino (Josh Brolin), para que ele pague pelo crime à maneira da época e lugar: enforcado em praça pública. Inclusive, é na cena do enforcamento que os irmãos Coen brincam um pouco, ao mostrar o tratamento que é dado aos índios, mostrados como a ralé inclusive pelo protagonista, numa das cenas mais engraçadas do filme. Jeff Bridges é o velho pistoleiro impiedoso e caolho que tem a fama de capturar bandidos por dinheiro.
Matt Damon até poderia ser melhor aproveitado no filme. Seu texas ranger se destaca entre os personagens que ele costuma fazer por ser diferente. Mas é discreto demais e acaba passando em branco. Quem se destaca mesmo é a menina (Steinfeld). Ela quase a rouba a cena de Bridges e a melhor sequência do filme acontece no final, quando os Coen deixam de lado um pouco a veia satírica e mergulham de vez no dramático. Ficou bonito.
BRAVURA INDÔMITA concorre ao Oscar nas categorias de filme, diretor(es), ator (Jeff Bridges), atriz coadjuvante (Hailee Steinfeld), roteiro adaptado, direção de arte, fotografia, figurino, edição de som e mixagem de som. Só perde para O DISCURSO DO REI em número de indicações.
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