terça-feira, março 17, 2009

QUANDO SETEMBRO VIER (Come September)




















Dos cineastas falecidos no ano passado, dois deles me chamaram a atenção para procurar conhecer um pouco mais de suas obras: Sydney Pollack e Robert Mulligan. Não se trata da tradicional peregrinação, mas apenas um apanhado das principais obras desses dois diretores, que talvez não mereçam o status de grandes cineastas, mas que foram realizadores de obras importantes. Hoje é dia de nos debruçarmos sobre uma das obras menores de Mulligan: a comédia romântica QUANDO SETEMBRO VIER (1961), estrelada por Rock Hudson e Gina Lollobrigida. O filme aproveita bem o tipo engraçado de Hudson e o seu tino para comédias, que renderia uma frutífera parceria com Doris Day. Não cheguei a ver nenhuma das comédias da dupla, mas tive o prazer de ver a engraçadíssima performance de Hudson em O ESPORTE FAVORITO DOS HOMENS, de Howard Hawks. Hudson se revelou um verdadeiro herdeiro de Cary Grant.

Em QUANDO SETEMBRO VIER, Hudson é um rico empresário que possui uma mansão numa bela vila italiana e uma bela namorada (Lollobrigida) que vê apenas uma vez no ano, em geral no mês de setembro. Não aguentando mais de saudades da moça, ele resolve antecipar suas férias e se manda em pleno julho para a cidade italiana e fazer uma surpresa para a jovem. Acontece que a moça já estava cansada dessa história de só se verem uma vez por ano e já estava com um casamento marcado com um senhor inglês. No entanto, ela não resiste ao chamado do namorado e trata logo de desfazer o noivado. Até aí tudo bem para os dois. Mas o personagem de Hudson teria uma surpresa ao descobrir que sua mansão estava sendo transformada em hotel pelo caseiro, que jamais imaginava que o seu patrão chegaria em pleno julho e já havia hospedado vários turistas na casa. Segue-se, então, uma série de situações divertidas entre o dono da casa e os hóspedes, entre eles a loira Sandra Dee, que na época era uma modelo de sucesso e que havia feito alguns filmes de praia para o público jovem, tornando-se uma espécie de ícone, chegando, inclusive, a ser homenageada no filme GREASE – NOS TEMPOS DA BRILHANTINA.

Outro ícone da juventude também presente no filme é o cantor Bobby Darin, mais conhecido no Brasil por ter escrito "Splish Splash", a canção de sucesso que Roberto Carlos gravou durante a Jovem Guarda. Inclusive, Darin e Sandra passaram a namorar firme quando se conheceram durante as filmagens de QUANDO SETEMBRO VIER. E a julgar pelo elenco, pode-se notar que o clima do filme era de certa ingenuidade, uma característica da sociedade ocidental do início da década de 1960. Por isso, há um abismo que separa QUANDO SETEMBRO VIER e O GÊNIO DO MAL (1965), filme que se coloca no início de um momento de transformações sociais, quando a contracultura passa a contribuir de modo mais incisivo para a geração de uma sociedade mais questionadora dos valores tradicionais. A angústia de O GÊNIO DO MAL é o extremo oposto da leveza e da ingenuidade de QUANDO SETEMBRO VIER, com sua historinha banal mas que se sustenta pelas situações cômicas geradas pelo roteiro e pelo elenco acertado, ainda que falte a Gina Lollobrigida mais encanto do que se esperava, correndo o risco de perder o título de musa do filme para a jovem Sandra Dee. Outro ponto positivo do filme é a bela fotografia em technicolor e em cinemascope.

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