segunda-feira, julho 02, 2007

BATALHA REAL (Batoru Rowaiaru / Battle Royale)



Começaram minhas férias e a primeira coisa que eu ganhei foi uma gripe hardcore, que me deixou com febre e acamado o fim de semana inteiro. Pelo menos, eu pude me aquietar e "dormir que só gato em bica". Estava precisando muito disso. Como férias sem alugar vídeos não são férias, peguei alguns filmes na locadora e vi alguns que eu já tinha por aqui em divx. Entre os alugados, o destaque vai para BATALHA REAL (2000), de Kinji Fukasaku. Foi o primeiro filme do cultuado diretor japonês que vi, meio que "empurrado" pelo fato de eu estar acompanhando o mangá "Battle Royale", que está sendo publicado no Brasil pela Conrad - já saiu o volume 7.

Quando Quentin Tarantino exibiu KILL BILL no Japão, sem cortes, ele o dedicou a Fukasaku, influência confessa para o épico da noiva vingativa. Tanto pela série de filmes BATTLES WITHOUT HONOR AND HUMANITY (1973-1974) quanto pela participação de Chiaki Kuriyama, que faz uma estudante com instintos assassinos em BATALHA REAL e que aparece manejando uma assustadora arma em KILL BILL, também em trajes de colegial. Por curiosidade, procurando pela internet por títulos brasileiros de filmes de Fukasaku, pesquei estes: DELIQÜENTES EM PLENO DIA (1961), POLICIAIS CONTRA BANDOLEIROS (1975), ALUGADOS PELO INFERNO (1975) E CEMITÉRIOS DE BANDOLEIROS (1976). Bom sempre anotar pra ir atrás na internet, já que os filmes de Fukasaku são bem difíceis de encontrar em vídeo no Brasil. Se bem que se for pra pegar na internet, o melhor mesmo são os títulos em inglês, não é? :)

Quanto a BATALHA REAL, pra falar a verdade, eu esperava que fosse tão violento e explícito quanto o mangá. Não que isso tire os méritos do filme, que tem entre suas inúmeras qualidades a agilidade narrativa, que não deixa o interesse do espectador cair em momento algum e não tem nenhuma cena descartável - ao contrário, fica a impressão de que várias cenas foram cortadas. Eu só fui dormir perto das três da manhã essa noite, pois não queria dormir sem saber quem seria o vencedor da batalha. Pra quem ainda não sabe, BATALHA REAL é uma espécie de Big Brother sádico e violento, onde os participantes do jogo são estudantes adolescentes que estão num jogo patrocinado pelo próprio governo japonês. Eles devem matar um ao outro, até que no final só exista um sobrevivente.

Todos os estudantes são "presenteados" com uma arma diferente e com um colar preso no pescoço que possibilita que os organizadores do jogo saibam onde eles estão e escutem o que eles dizem. Alguns desses jovens ficam em estado de choque e acabam se entregando ou mesmo se suicidando logo no início do jogo. Como eles estão prestes a morrer, muitos deles resolvem revelar o que sentem por alguns dos seus colegas. Por isso, BATALHA REAL também tem sua forte porção de melodrama. As lágrimas aparecem no filme quase na mesma proporção que o sangue. Uma das frases de efeito usada para divulgar o filme é "Você mataria o seu melhor amigo?". Essa frase dá uma dimensão do que é o sofrimento e a aflição desses meninos e meninas. Ah, e antes que eu me esqueça: Takeshi Kitano interpreta o professor sádico e assassino que organiza o jogo.

Se teve uma desvantagem para mim em ver BATALHA REAL agora foi saber quem é o vencedor do jogo. Meio que um spoiler pra mim, mas acho que isso não vai tirar o prazer de continuar acompanhando o mangá, que têm muito mais tempo para explorar em detalhes a personalidade de cada personagem e trazer mais flashbacks dos jogadores.

Foi produzida uma continuação de BATALHA REAL, mas Fukasaku, que lutava contra um câncer de próstata, morreu logo no início das filmagens, passando a bola para o seu filho, Kenta Fukasaku. A julgar pelos comentários, BATTLE ROYALE 2 (2003) não é tão bom quanto o original, mas deve ser interessante mesmo assim.

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