quarta-feira, março 07, 2007

TRÊS FILMES NACIONAIS



Bem que ANTÔNIA (2006) merecia um post só pra ele, mas às vezes é preciso ser objetivo para poder dar conta das obrigações do dia a dia e, ao mesmo tempo, manter a regularidade do blog. Então, aproveito a oportunidade para falar de mais dois filmes que eu não quis ver no cinema na ocasião do lançamento, mas que na telinha se revelaram melhores do que o esperado.

O CAMINHO DAS NUVENS

A melhor coisa do filme, sem dúvida, é ver a Cláudia Abreu cantando "Como É Grande o Meu Amor por Você", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. O CAMINHO DAS NUVENS (2003), de Vicente Amorim, é dedicado ao Rei e traz várias canções dele, na maioria das vezes, cantada pelos personagens. O filme é baseado na vida real de um homem (Wagner Moura) que sai da cidade de Santa Rita, no interior da Paraíba, para ir até o Rio de Janeiro de bicicleta, levando toda sua família, com o objetivo único de conseguir um emprego que lhe pague mil reais. Segundo ele, valor mínimo necessário para sustentar sua família. No meio do caminho, muita coisa acontece, muito sofrimento e frustração, ele testemunha o amadurecimento dos filhos, um deles a ponto de se separar da família, numa das seqüências mais emocionantes do filme. O filme conta com a participação especial de Sidney Magal, que se revelou um bom ator. Apesar de tudo, ficou faltando alguma coisa para que o filme seja considerado realmente bom. Talvez seja deficiência da montagem ou a falta de um final melhor pensado. Quanto a Claudinha Abreu, engraçado que na entrevista que ela deu para o programa do Jô Soares, ela se revelou bastante tímida e se recusou a cantar a canção do Roberto, a pedido do apresentador. Gravado da Globo.

SE EU FOSSE VOCÊ

Recusei-me a ver SE EU FOSSE VOCÊ (2006) quando foi exibido nos cinemas. Tanto por ter muito a cara de novela da Globo quanto por ter o seu enredo chupado de SWITCH - TROCARAM MEU SEXO, de Blake Edwards. Ou talvez de outro filme que eu desconheça. O maior diferencial desse trabalho de Daniel Filho é a uma abordagem mais centrada na difereça dos sexos e numa tentativa de se criar uma moral da história no final, o que acaba diminuindo ainda mais o resultado do filme. Na trama, Tony Ramos e Glória Pires formam um casal que costuma ter as suas briguinhas cotidianas. Um dia, acordam um com o corpo do outro. Há seqüências engraçadas, principalmente as que mostram Tony Ramos todo delicado. Destaque para a cena dele explicando para a mulher como utilizar o absorvente o.b. SE EU FOSSE VOCÊ foi o filme brasileiro de maior público no ano passado. No mesmo ano, outro filme de Daniel Filho teve uma boa recepção de público, o divertido MUITO GELO E DOIS DEDOS D'ÁGUA (2006). Agora um comentário machista e canalha, só pra não perder o costume: rapaz, como a Danielle Winits está bonita e gostosa, hein. Ela bem que podia fazer mais cinema. É verdade que ela aparece pelada em UM LOBISOMEM NA AMAZÔNIA, do Ivan Cardoso? No filme de Daniel Filho, ela faz o papel da secretária boa do Tony Ramos. Visto em DVD.

ANTÔNIA

Um belo trabalho de Tata Amaral, ANTÔNIA bem que merecia ter um sucesso maior na bilheteria. Parece que não adiantou muito a veiculação antecipada da série da Globo. Pelo menos, muita gente passou a conhecer as personagens, inclusive a garotinha que faz o papel da filha de Preta (Negra Li). A menina ganhou até um pequeno quadro no Fantástico na época da exibição da série. ANTÔNIA foi feito basicamente sem script. O próprio elenco que construiu os diálogos a partir das situações apresentadas. Por isso que o filme ficou com uma cara meio documental. A história das quatro mulheres pobres que tentam ganhar a vida cantando é emocionante e aos poucos elas vão nos conquistando. Talvez o maior problema de ANTÔNIA esteja nas canções compostas e gravadas pelas próprias atrizes para o filme, um tanto quanto fracas. Tanto que quando elas cantam canções mais conhecidas o resultado é infinitamente superior. O melhor exemplo disso está na cena em que elas cantam "Killing Me Softly With His Song", considerada pela revista Variety uma das melhores versões para a clássica canção. Realmente de arrepiar. Dois momentos do filme levam o espectador às lágrimas - principalmente se ele for chorão, como eu -: quando Preta pede perdão à Mayah (Quelynah) e quando as três amigas vão visitar a Barbarah (Leila Moreno) na cadeia. Esses momentos de extrema sensibilidade, que não têm vergonha de serem melodramáticos, conquistaram a minha simpatia. ANTÔNIA é um filme que eu veria novamente com prazer. Pena ter ficado tão pouco tempo em cartaz aqui em Fortaleza.