quarta-feira, março 14, 2007
RIO GRANDE / RIO BRAVO (Rio Grande)
Mais um clássico de John Ford para espantar os maus fluidos dos últimos filmes vistos no cinema. RIO GRANDE (1950) é o terceiro da trilogia da cavalaria do diretor. É um filme que tem uma ligação maior com o primeiro da trilogia, SANGUE DE HERÓIS (1948) - o personagem de John Wayne no filme é o mesmo - do que com o segundo, o colorido LEGIÃO INVENCÍVEL (1949). Mas há um espaço na estória entre um filme e outro que não é contado.
Em RIO GRANDE, o agora Tenente-Coronel Kirby Yorke é um homem que está num posto de cavalaria próximo ao Rio Grande, que é o rio que separa a fronteira entre Estados Unidos e México. A relação entre brancos e índios é de hostilidade constante e vez ou outra o lugar é atacado pelos apaches ou por outras tribos indígenas. Yorke está encarregado de treinar novos recrutas. Para sua surpresa, entre os novos rapazes a aparecerem para o treinamento está o seu filho adolescente, que havia sido reprovado em West Point. A vontade dele é mandar o filho embora daquele lugar, mas nem é preciso, já que quem tenta fazer isso é a mãe do garoto (Maureen O'Hara), que também chega de surpresa no lugar. A relação de distanciamento entre o casal é um ponto alto do filme, rendendo uma cena quente e outras de amor sufocado, como aquela em que um grupo de soldados canta, numa serenata, a canção "I'll take you home again, Kathleen". E como o nome dela é Kathleen, os dois se esforçam para não desabarem no choro ao ouvir aquilo.
Nos filmes de Ford, as famílias "reais" geralmente são destruídas pelo tempo e pelos acontecimentos, mas as famílias escolhidas pelos personagens sobrevivem. RIO GRANDE se apresenta nessa primeira categoria, já que a cavalaria é o grande rival de Kathleen, conforme ela mesma disse. No quesito ação, RIO GRANDE é até um pouco parado, ainda que seja um filme mais ágil e mais compacto que SANGUE DE HERÓIS. Na verdade, RIO GRANDE só possui três momentos de ação, todos envolvendo os índios: a primeira invasão ao acampamento, a captura das crianças e o resgate. Também não faltam cenas de homens cantando, que acabou se tornando uma marca do diretor.
A existência desse filme se deve principalmente a um acordo firmado entre Ford e os produtores, que não queriam se aventurar no projeto de natureza mais pessoal do diretor. DEPOIS DO VENDAVAL (1952) - que eu classificaria como uma comédia romântica -, além de ser filmado na Irlanda, aparentemente não tinha tanto apelo popular quanto um western do diretor. Assim, o estúdio queria primeiro ganhar um bom dinheiro com RIO GRANDE para, aí sim, investir o seu dinheiro em DEPOIS DO VENDAVAL, filme que também conta com John Wayne e Maureen O'Hara, uma das atrizes preferidas de Ford. Mas isso aí já é outra história e que eu não pretendo contar aqui, até porque não tenho intenção de rever DEPOIS DO VENDAVAL agora.
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