sábado, março 03, 2007

SANGUE DE HERÓIS / SANGUE DE HERÓI / FORTE APACHE (Fort Apache)



Dia bastante incômodo pra mim. Saí para ir ao cinema e o pneu do carro estourou no caminho. Perdi a direção do carro e bati no carro que vinha atrás, que não conseguiu frear a tempo. Felizmente não aconteceu nada comigo e com o cara do outro carro, mas doeu no bolso o estrago causado. Tinha saído de casa para ver LETRA E MÚSICA, a comédia do Hugh Grant. Infelizmente vai ficar pra outro dia. Na falta de coisa melhor para fazer, e tentando diminuir um pouco essa sensação de perda que ficou no ar, vou tentar falar um pouco sobre mais um filme do mestre John Ford. Quem sabe assim, esse mal estar diminui, dando espaço para a sensação boa de estar fazendo algo de produtivo.

Em comparação com PAIXÃO DE FORTES (1946), o título anterior de Ford que eu havia assistido, SANGUE DE HERÓIS (1948) é bem menos compacto e econômico. Nesse filme, o diretor conta uma estória que se estende por mais de duas horas e leva toda a primeira metade do filme apresentando os personagens. O primeiro que nos é apresentado é o personagem de Henry Fonda, no papel de um tenente coronel, herói da Guerra Civil, que é enviado para chefiar um grupo em Forte Apache, um posto de cavalaria rodeado de apaches, próximo da fronteira mexicana. O problema é que os apaches fugiram da reserva indígena e o coronel deve fazer com que eles voltem. John Wayne é um capitão da cavalaria que prefere que tudo se resolva de maneira pacífica, mas o velho e ranzinza coronel prefere adotar o uso da força, não importando que para isso muitos de seus homens morram. Completam os personagens principais, o casal John Agar e Shirley Temple, na época, um casal na vida real.

No final, quando Ford faz uma crítica à fama de herói desse coronel, remetendo ao famoso matador de índios General Custer, lembrei-me logo de A CONQUISTA DA HONRA, de Clint Eastwood, quando tanto a noção de heroísmo quanto a construção de um mito são questionadas. Bem diferente da visão romântica de Raoul Walsh no seu O INTRÉPIDO GENERAL CUSTER.

SANGUE DE HERÓIS foi um dos maiores sucessos de John Ford, o que acabou por levá-lo a fazer mais westerns, tornando-se o grande mestre do gênero de todos os tempos. O western é um gênero tão bonito e que se torna ainda mais poderoso na tela grande, graças aos planos gerais, os tons épicos e as paisagens, mas a nossa geração não teve a sorte de pegar essa era de ouro do gênero. Fico imaginando o impacto que deve ter sido no cinema a cena em que aparecem centenas de índios, contra o pouco número de soldados da cavalaria. Sinto falta disso no cinema hoje em dia. Acredito que o último western de verdade que eu vi no cinema foi PACTO DE JUSTIÇA, de Kevin Costner.

Saiu uma edição melhor do filme pela Warner, com o título SANGUE DE HERÓI, mas eu só consegui locar a versão de qualidade inferior, da ClassicLine, com o título SANGUE DE HERÓIS, no plural. O filme é o primeiro de uma trilogia de John Ford sobre a cavalaria. Os outros dois são LEGIÃO INVENCÍVEL (1949) e RIO GRANDE (1950).

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