quinta-feira, fevereiro 22, 2007

FILHOS DA ESPERANÇA (Children of Men)



Continuo com o tempo bastante limitado devido ao trabalho. E como não sou o único a comentar sobre esse repentino aumento da carga de trabalho, a impressão que eu tenho é que está acontecendo uma espécie de mudança operada pelos astros na rotina de todo mundo. Tomara que essa mudança não atrapalhe a manutenção da regularidade com que escrevo para o blog. Na verdade, já está atrapalhando, mas estou insistindo em manter esse espaço aos trancos e barrancos. Portanto, não reclamem muito da qualidade dos textos. Sei que há tempos estou devendo um texto mais inspirado, mas infelizmente não está sendo possível. Bom, o filme.

Só nesse último final de semana de Carnaval que entrou nos cinemas da cidade FILHOS DA ESPERANÇA (2006), de Alfonso Cuarón, em cartaz em São Paulo desde o final do ano passado. É um filme que me despertou a atenção desde a primeira vez que vi o trailer. Interessei-me tanto pela habilidosa direção de Cuarón, quanto pela temática futurista. Em seu curto segmento para o filme em episódios PARIS, EU TE AMO (2006), Cuarón já havia demonstrado o seu amor pelo plano-seqüência. A tendência - ao que parece - é que nos próximos filme, Cuarón consiga aliar essa sua evidente habilidade com a câmera ao bom andamento narrativo, que sofre um pouco de irregularidade nesse novo filme.

Até poderia arriscar e dizer que FILHOS DA ESPERANÇA é o ALPHAVILLE de Cuarón. Em vários momentos, o filme lembra a ficção-científica-cabeça de Godard. Só que Cuarón dispõe de muito mais dinheiro para usar muito bem em seqüências que se passam numa Londres no mais completo caos. Há muitas explosões e tiroteios, muitos figurantes, além dos equipamentos futuristas. Fazer filme em Hollywood tem das suas vantagens. Auxiliando Cuarón, o diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki, que tem em seu currículo obras brilhantes como O NOVO MUNDO (2005), de Terrence Malick, e A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA (1999), de Tim Burton, além dos filmes dirigidos pelo amigo Cuarón. Seu cuidado visual se manifesta numa fotografia que enche os olhos.

A estória se passa na Inglaterra do ano de 2027, quando praticamente todas as nações já sucumbiram com guerras, ataques terroristas e outras catástrofes. Mas o pior de todos os males é o fato de as mulheres terem perdido a capacidade de gerar filhos. O ser humano mais jovem do mundo é um rapaz de 18 anos, cuja notícia da morte logo no começo do filme é recebida com comoção por toda a população. Tudo leva a crer que a humanidade está se aproximando do fim. É nesse cenário que acompanhamos a jornada de Theo Faron (Clive Owen) na tentativa de salvar uma jovem grávida. Em papéis menores, mas brilhando a cada vez que aparecem, Julianne Moore e Michael Caine. Pena que eles aparecem bem menos do que eu gostaria.

FILHOS DA ESPERANÇA é o tipo de filme que aborrece em alguns momentos, mas que tem algumas cenas simplesmente de cair o queixo. A minha preferida é aquela em que Clive Owen está com um grupo numa van e eles são atacados por terroristas. Essa cena é capaz de tirar palavrões da boca de puritanos. Torço pela evolução de Cuarón dentro e fora de Hollywood. Quem sabe um dia ele consegue fazer uma obra-prima, como o seu amigo Guillermo Del Toro fez recentemente com o seu O LABIRINTO DO FAUNO.

Top 5 Cuarón:

1. E SUA MÃE TAMBÉM (2001)
2. HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABÁN (2004)
3. A PRINCESINHA (1995)
4. FILHOS DA ESPERANÇA (2006)
5. GRANDES ESPERANÇAS (1998)

(PARIS, EU TE AMO encabeçaria a lista, mas como é um trabalho conjunto, preferi deixar de fora.)

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