terça-feira, agosto 22, 2006

OBRIGADO POR FUMAR (Thank You for Smoking)



Pra um filme que é vendido (no trailer) como uma comédia politicamente incorreta, até que OBRIGADO POR FUMAR (2005) é comportado. O que não quer dizer que não seja um bom filme. OBRIGADO PRO FUMAR é filme-irmão de O SENHOR DAS ARMAS, de Andrew Niccol: no lugar de um vendedor de armas de fogo, vemos um lobista da indústria tabagista; em vez de um drama trágico, temos uma comédia adulta e irônica sobre a arte de manipular.

Quando perguntado porque trabalha para uma indústria que produz a morte de milhões de pessoas, Nick Naylor (Aaron Eckhart) diz que ele faz aquilo porque é naquilo que ele é bom. Afinal, não é qualquer um que tem lábia para convencer as pessoas daquele jeito. Acho que os melhores manipuladores ou estão na política, na publicidade, ou trabalhando como advogado. Alguns são vendedores também, mas esses são "peixe pequeno".

Um dos melhores momentos do filme é quando Naylor sai com uma mala cheia de dinheiro a fim de calar a boca de um caubói da Marlboro que estava processando a indústria. A idéia de convencer os produtores de Hollywood a mostrar os astros fumando também é muito boa, ainda que não seja lá tão original. O interessante é que o filme fala o tempo todo de cigarros, mas em nenhum momento é mostrado alguém fumando. E olha que o próprio protagonista também é fumante, como é revelado em certo momento.

A idéia do personagem de William H. Macy, o senador democrata que quer instituir nos maços de cigarro a figura de uma caveira e o nome "poison", foi basicamente utilizada aqui no Brasil. Aliás, eu diria que os maços de cigarro vendidos aqui são ainda mais assustadores, com aquelas fotos de pessoas com os membros mutilados ou com câncer na boca. Isso é bem mais perturbador que o desenho de uma caveira. Como meu pai faleceu vítima do cigarro, aprendi de perto os danos que o cigarro causa. Mas a questão aqui não é essa. OBRIGADO POR FUMAR não é um filme nem pró nem anti-tabaco. A questão é um pouco mais complexa.

O que não é complexa é a maneira como os personagens são apresentados, tudo de maneira muito superficial. No fim das contas, sabemos muito pouco do personagem de Aaron Eckhart e de sua família e menos ainda de seus amigos do Esquadrão da Morte - Maria Bello, da indústria do álcool, e David Koechner, da indústria das armas. A tão citada cena de sexo com a Katie Holmes é uma decepção completa e o boato de que Tom Cruise tenha pedido cortes começa a ser algo que eu não descarto. No entanto, isso tudo pode ser relevado, levando em consideração que se trata de um filme de idéias e que traz a melhor interpretação da carreira de Aaron Eckhart.

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