
"Heads are going to roll, the old order is going to fall, all you dinosaurs are going to die."
(Dennis Hopper)
Dennis Hopper estreou na direção de filmes com o hoje clássico SEM DESTINO (1969). Desde então, ele dirigiu apenas mais sete longas, sendo que um deles - ATRAÍDA PELO PERIGO (1990) - foi creditado a Alan Smithee devido a discussões com os produtores. A fama de briguento de Hopper não é de hoje. Ele foi um dos maiores rebeldes do cinema. Defendia uma mudança radical na indústria e a saída de cena dos "dinossauros" para a entrada dos cineastas novos e mais influenciados pelo cinema moderno europeu e pela contracultura.
SEM DESTINO (Easy Rider)
Junto com BONNY & CLYDE, SEM DESTINO foi o filme que deu o pontapé inicial para a revolução que se formou no cinema americano na década de 70. Se pensarmos bem, foi mesmo uma mudança e tanto entregar a direção de filmes a gente como Dennis Hopper e Peter Fonda, caras que bebiam e tomavam tantas drogas que não pareciam suficientemente responsáveis para encarar uma produção de primeira linha. Felizmente, o estilo de vida dos dois caiu como uma luva para o tipo de filme que eles pretendiam fazer. A idéia de SEM DESTINO veio de Peter Fonda, que na época já fazia alguns filmes de baixo orçamento sobre motociclistas. Ele ligou para Dennis às quatro e meia da manhã e sugeriu que os dois fizessem o filme juntos. Peter seria o produtor, Dennis, o diretor e os dois fariam o roteiro e protagonizariam o filme. Assim, daria para economizar alguns trocados e baratear o custo.
Hoje o filme é bastante associado à canção "Born to Be Wild", do Steppenwolf. Realmente a canção tocando nos créditos dá uma sensação gostosa de entusiasmo pelo que viria a seguir; anima o espectador. De propósio, o filme se parece com um western. Inclusive, os nomes dos personagens são Billy (de Billy The Kid) e Wyatt (de Wyatt Earp). SEM DESTINO não é um filme em que a estória tenha um papel fundamental. Segue apenas os dois amigos dirigindo suas motos pelo interior dos EUA, fumando maconha, cheirando cocaína, conhecendo pessoas e arrumando encrenca na maior parte das vezes. Dos que cruzam o caminho dos dois, o grande destaque é mesmo Jack Nicholson. A seqüência da viagem de ácido é uma das mais memoráveis do filme, junto com a parada em Mardi Gras e o final abrupto. O filme fez muito sucesso de bilheteria na época, o que levou Hopper a dirigir THE LAST MOVIE (1971), um de seus maiores fracassos.
ANOS DE REBELDIA (Out of the Blue)
Depois do fracasso de bilheteria e de toda a confusão que rolou com THE LAST MOVIE, Dennis Hopper volta à direção nove anos depois com o pessimista ANOS DE REBELDIA (1980), lançado em DVD no Brasil pela Aurora. O filme acompanha a vida de uma jovem de 15 anos (Linda Manz), fã de Johnny Rotten e Elvis Presley e que tem uma tendência para o lesbianismo. Ela tem um pai que está preso (o próprio Hopper) e uma mãe viciada em drogas. A menina sonha em não ter mais que estudar e nem ter que obedecer a ninguém. Assim como em SEM DESTINO, Hopper, apesar de lidar com tragédias, não mostra nenhum traço de sentimentalismo. O final é bem condizente com a canção de Neil Young que abrilhanta a trilha sonora: "It's better to burn out than to fade away", canção que, não por acaso, também serviu de inspiração para o suicídio de Kurt Cobain.
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