sexta-feira, abril 29, 2005

MARIA CHEIA DE GRAÇA (Maria Full of Grace / Maria, Llena Eres de Gracia)

 

A moça mais bonita da festa do Oscar desse ano era Catalino Sandino Moreno, a bela colombiana que despontou para a fama quando foi indicada ao prêmio da academia pelo papel de Maria Alvarez, uma jovem que pressionada pelas dificuldades financeiras aceita engolir várias cápsulas de heroína para passar droga para os Estados Unidos. Por enquanto, MARIA CHEIA DE GRAÇA (2004), dirigido por Joshua Marston, é o único título no currículo da moça. 

Fiquei bastante surpreso com as qualidades do filme. Não imaginei que fosse tão bom, ainda que o tema em si já seja bem interessante. O filme mostra, do começo ao fim, a angustiante experiência de quem faz esse tipo de serviço. Contar detalhes do inferno que ela passa pode estragar as surpresas de quem ainda não viu o filme, mas posso adiantar a tagline que saiu no IMDB: 

"These pellets contain heroin. Each weighs 10 grams. Each is 4.2 cm long and 1.4 cm wide. And they're on their way to New York in the stomach of a 17-year-old girl." 

Quem já pensou em morar um dia nos Estados Unidos também pode se identificar um pouco com a situação. Talvez até mais do no filme PÃO E ROSAS, de Ken Loach, já que os colombianos estão mais próximos de nós. Ainda que o drama de Maria e de suas amigas que também fazem o mesmo serviço seja chocante, o momento que me sensibilizou mais foi a cena da conversa de Maria com a irmã de Lucy, quando essa última conta da dificuldade que teve de se acostumar com um país estrangeiro e da saudade que sentia da família. Eu fico me imaginando nessa situação. Será que eu iria sentir muita falta da minha família e chorar noites e noites se eu estivesse feliz e bem sucedido num outro país? Será que eu me sentiria como um "canceriano sem lar", como na música de Raul Seixas? 

Uma amiga minha (coincidentemente a mesma com quem fui assistir PÃO E ROSAS no cinema) está desde julho nos EUA. Morando em Nova York. Ela conseguiu. E eu ainda estou aqui trabalhando muito e ganhando pouco. E provavelmente ficarei por aqui mesmo. Às vezes eu me acho muito covarde e preguiçoso por não ter me esforçado mais para ir pra lá também. Mas deixa pra lá.

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