terça-feira, abril 05, 2005

THE BROWN BUNNY

 

Desde que THE BROWN BUNNY (2003) causou rebuliço no Festival de Cannes por causa de uma cena de felação envolvendo Chloë Sevigny e o ator e diretor Vincent Gallo que fiquei curioso pra ver o filme. De lá pra cá, pude conferir a estréia na direção de Gallo, com o ótimo BUFFALO 66 (1998), e fiquei ainda mais ansioso pra ver o tal filme melancólico e depressivo que ainda trazia de bônus um blowjob com uma atriz conhecida. Veja bem. Não se trata aqui de uma atriz pornô contratada para atuar dentro de um filme mainstream. Mas uma atriz de verdade fazendo o que só atrizes pornôs faziam. Chloë teve a coragem de fazer o filme sem medo de que isso viesse a prejudicar sua carreira ou sua reputação. A desvantagem (ou vantagem, sei lá) é que agora toda vez que eu ver a moça num filme, vou me lembrar dela com a boca na botija. E em breve, ela aparecerá em MELINDA E MELINDA, o imperdível novo do Woody Allen. Gosto dela. Sexy, corajosa, com uma beleza incomum, como Christina Ricci, outra atriz que trabalhou com Gallo, em BUFFALO 66. 

Bom, mas e THE BROWN BUNNY? Pois é. Me decepcionei um pouco com o filme. E nem acho que seja pelo fato de não acontecer nada de concreto na trama. Simplesmente o filme não me comoveu. Talvez tenha ficado muito ansioso pra ver a cena final, mas também não considero isso como uma das principais razões de eu não ter gostado tanto quanto esperava, já que durante as poucas cenas em que acontece alguma coisa eu fiquei bem interessado. 

Uma de minhas cenas preferidas é uma que emula Kiarostami. Gallo está passeando de carro, com aquela cara de quem tá chupando limão, e pára próximo a umas meninas que trabalham de prostitutas na rua. Ele simpatizou com uma delas, realmente muito bonita, e levou a moça no carro sem interesse sexual. A seqüência da conversa dos dois dentro e fora do carro me lembrou bastante O GOSTO DE CEREJA e DEZ. 

A maior parte do filme mostra Gallo dirigindo a sua van, a chuva caindo, os sinais na estrada passando, uma música triste ao fundo. Como em BUFFALO 66, Gallo faz novamente um personagem com dificuldade de se relacionar com as mulheres. Até mesmo a expressão "don't touch me", repetida diversas vezes em seu primeiro filme, é novamente ouvida em THE BROWN BUNNY. Fico me perguntando até que ponto esses personagens têm alguma relação com a vida real do diretor. 

Lendo uma entrevista de Gallo que peguei na internet, deu pra notar o quanto ele odiava responder sobre porque colocar uma cena de sexo oral explícita no filme. Ele soltou os cachorros em cima da entrevistadora, começou a falar palavrões feito doido. Ficou bem indignado e botou todas as suas frustrações com a imprensa pra fora. Vale a pena conferir a entrevista. 

Acredito que o filme, se visto com um estado de espírito mais tranqüilo, pode ser uma "viagem" bem melhor. Mas para os de espíritos inquietos, talvez não agrade não. E o que é aquele final surpresa, hein? Não é à toa que começaram a acusar o filme de "pathetic joke". 

Filme visto em divx. 

P.S. Quem tiver uma entrevista de Chlöe falando sobre esse filme, mande pra mim.

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