segunda-feira, abril 11, 2005

O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS (Shi Mian Mai Fu)

 

Depois de eu ter esfriado um pouco com a revisão de HERÓI (2002) no cinema, fui com um pé atrás ver O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS (2004) e me surpreendi com sua qualidade espetacular. Tudo o que faltava em HERÓI - emoção, suor, sangue, lutas empolgantes, história boa, diversão - está agora nesse novo filme de Zhang Yimou. E pra mim foi melhor ainda ver o filme na telona gigante de uma sala da UCI. Eu me senti como se estivesse em plena ação.

A trama é um pouco complicada e cheia de reviravoltas, mas isso é parte da graça do filme. A impressão que se tem é que Yimou queria mesmo divertir. Por isso, o filme foge daquela seriedade chata de HERÓI. No começo da trama, que se passa na China medieval, dois guardas do exército chinês têm a missão de investigar o envolvimento de uma cortesã cega que acaba de chegar à cidade. Ela seria membro do Clã das Adagas Voadoras, uma organização rebelde que quer depor o tirânico imperador.

Os dois rapazes são: o taiwanês Takeshi Kaneshiro, de ANJOS CAÍDOS, de Wong Kar-Wai; e o chinês natural de Hong Kong Andy Lau, de INFERNAL AFFAIRS, o thriller policial que vai ser refilmado por Martin Scorsese. A moça é a bela chinesa Zhang Ziyi, que dispensa apresentações. O filme deve muito de sua beleza a esta menina, hoje considerada a maior estrela do cinema asiático. Em O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS, além de interpretar muito bem, ela ainda dança e luta como o diabo.

Muitos críticos destacam a seqüência da "dança do eco" como um dos grandes momentos do filme, mas pra mim o filme fica realmente empolgante a partir do momento em que o personagem de Takeshi Kaneshiro foge com Zhang Ziyi, atravessando a floresta, e sendo depois perseguidos pelos soldados do exército.

Foi numa dessas emocionantes seqüências de luta que Quentin Tarantino, assistindo ao filme numa première em Cannes, se levantou no meio da sessão e aplaudiu gritando "Bravo". Há quem diga que isso é falta de educação, que atrapalha o filme e tal, mas tendo em vista a excelência da cena, isso é totalmente desculpável. Tem certas coisas que a gente não consegue evitar.

Outra seqüência de cair o queixo é a da luta no bambuzal. Quem já viu O TIGRE E O DRAGÃO pode até achar que é repeteco. Que nada. Yimou faz algo completamente diferente, usando com muita classe dos artifícios do CGI. Pelo que li por aí, tanto essa cena quanto a do filme de Ang Lee foram inspiradas no clássico A TOUCH OF ZEN (1969), de King Hu.

Por alguns momentos, enquanto via o filme, imaginei que estaríamos vivendo um revival dos filmes de artes marciais, como nos bons tempos de King Hu e Chang Che, só que agora com orçamentos bem mais gordos. Pena que Yimou vai voltar para o drama em seu próximo filme. Imagina se ele continuasse nessa trajetória ascendente nos filmes de artes marciais. Onde é que ele ia chegar?

P.S.: No final de semana, fui a uma festa bem bizarra. A festa Vinte e Poucos Anos (que na verdade deveria se chamar 30 e poucos anos) trouxe para a cidade Evandro Mesquita, Kid Vinil e Affonso do Dominó. Esse último, sem vergonha de ser picareta ao misturar canções dos outros com "clássicos" do grupo, como "Manequim" e "Com todos menos comigo", fez a platéia vibrar. Só vendo pra crer. E descontando coisas ainda piores que tocavam por lá, até que eu me diverti bastante. Pena que o melhor artista da noite, o Kid Vinil, só cantou cinco músicas.

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