quarta-feira, abril 13, 2005

ASSALTO À 13ª D.P. (Assault on Precinct 13)



Ver filmes nos cinemas UCI é sempre bom por causa da qualidade da imagem e do som, mas às vezes chega a ser uma tortura se você vai num fim de semana à tarde, quando as filas estão bem grandes e o filme que você pretendia ver acaba indo pras cucuias. No sábado, por exemplo, tentei ver VIOLAÇÃO DE PRIVACIDADE ou ASSALTO À 13ª D.P., mas por causa da enorme fila, só consegui ingresso para O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS, que só teria sessão uma hora depois. Mas acabou sendo melhor, já que o filme do Yimou é ótimo. Voltei lá no domingo pra tentar ver novamente um dos dois filmes. Consegui sessão para ASSALTO À 13ª D.P., mas ainda cheguei alguns minutos atrasado e perdi o plano inicial, que dizem ser bem interessante. Quer dizer, se quisermos que cinema seja um programa relaxante, de lazer, temos que chegar pelo menos uma hora mais cedo no local para podermos garantir o filme. Caso contrário, acabamos ficando tão estressados quanto num dia normal de trabalho.

Não sei se ASSALTO À 13ª D.P. (2005) vale esse estresse todo. Já esperava que o filme fosse inferior ao original de John Carpenter, mas ainda assim acabei me decepcionando. O filme faz parte dessa onda de refilmagens que Hollywood anda promovendo à torto e à direito. O início do filme (pelo menos de onde eu pude pegar), com o personagem de Ethan Hawke sendo desmascarado por bandidos como um policial disfarçado, é bem interessante se visto como uma cena isolada, mas dentro do filme como um todo ela parece desnecessária. Funciona mais como uma maneira de se criar um passado traumático para o personagem.

A situação mostrada no filme, a de pessoas cercadas e em perigo, já foi tão explorada - e de maneira muito melhor - em outros derivados de ONDE COMEÇA O INFERNO (1959), de Howard Hawks, que a sensação de deja vu é inevitável. A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (1968), de George Romero, e seu remake de 1990 dirigido por Tom Savini; SOB O DOMÍNIO DO MEDO (1971), de Sam Peckinpah; o primeiro ASSALTO À 13ª D.P. (1976) e FANTASMAS DE MARTE (2001), de John Carpenter. Todos eles prestavam tributo ao western de Hawks. Como a maioria das pessoas que vão ao cinema hoje não viram esses filmes, elas podem até ver o novo ASSALTO como algo novo.

Ethan Hawke é um ator por quem eu simpatizo desde os tempos de SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (e ele está em pelo menos mais dois filmes de grande importância pra mim), mas tenho impressão que o ator não combina muito com o gênero policial. Ele parece muito frágil para papéis desse tipo. Acho que DIA DE TREINAMENTO funcionou porque o papel dele era mesmo de um tira iniciante e meio ingênuo. Laurence Fishburne com aqueles óculos escuros não tem diferença nenhuma do Morpheus de MATRIX.

O novo ASSALTO À 13ª D.P. até pode ser uma experiência boa durante a projeção, mas é bem fácil de se esquecer. Pelo menos o filme tem momentos fortes e violentos, com cenas sangrentas de tiro na cabeça e machadadas, razão de o filme ter sido classificado como proibido para menores de 18 anos.

P.S.: Tem um texto meu intitulado "O Cinema e o Sonho", publicado no site do Cinema com Rapadura.