Que bom seria se alguma produtora brasileira bancasse algo semelhante ao que a produtora japonesa Nikkatsu fez com este projeto, de trazer de volta o espírito das comédias eróticas japonesas que faziam muito sucesso nos anos 1970 e 80, a exemplo do que acontecia também no Brasil e na Itália.
Foram produzidos cinco filmes, sendo que os diretores, alguns deles famosos mundialmente, teriam que cumprir três regras. São elas: o filme deve ter menos de 80 minutos de duração; deve conter uma cena de nudez ou de sexo a cada dez minutos pelo menos; e deve ser filmado em menos de uma semana. MULHER MOLHADA AO VENTO (2016), de Akihiko Shiota, foi o primeiro dessa linha a sair do forno.
E que delícia que é este filme, hein. Não só porque as cenas de sexo são boas, a atriz é linda e carismática e o filme é muito divertido, sendo possível rir muitas vezes, mas por causa também de seus aspectos formais. A fotografia em cores é linda, a direção de arte é caprichada, mesmo com uma agenda de produção tão apertada, e, principalmente, é possível se sentir no lugar do protagonista.
Na trama, Kosuke (Tasuku Nagaoka), um dramaturgo que vive isolado no meio da selva, é constantemente perseguido por uma bela e sensual jovem chamada Shiori (Yuki Mamiya). A primeira aparição da moça é impagável. Ela entra com bicicleta e tudo dentro de uma lagoa e sai de lá tirando a camiseta e mostrando os seios ao assustado dramaturgo. Enquanto ela espreme a camiseta molhada para vestir novamente, ela diz que vai ficar com o rapaz.
Kosuke não diz nada e vai embora, Shiori tenta agarrá-lo, literalmente, pelo pescoço, mas ele a joga no chão, violentamente. Aos poucos, porém, ele vai se tornando cada vez mais excitado e interessado por aquela mulher meio louca, que ele acaba vendo que está trabalhando de garçonete em um café que ele costuma frequentar. Chega um ponto em que o jogo muda, e ele, sem aguentar mais de desejo, tenta agarrar a moça. Ela, porém, joga com ele e aparece fazendo sexo com outros homens, fazendo com que ele fique ainda mais louco de vontade.
Até certo momento, parece uma variação de ESSE OBSCURO OBJETO DO DESEJO, de Luis Buñuel, mas as coisas mudam bastante de rumo a cada virada inesperada do roteiro e do modo como os personagens solucionam seus problemas, necessidades e desejos. Assim, é possível também rir do quanto a cada momento esses personagens vão tomando atitudes bem loucas. A cena de sexo dos dois personagens, enquanto uma mulher está ao telefone é genial, assim como a tentativa de um ménage à trois dentro do barraco de Kosuke. Começar o ano com este filme foi uma escolha bem acertada.
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