quinta-feira, junho 15, 2017

ROCK'N ROLL – POR TRÁS DA FAMA (Rock'n Roll)


A grande surpresa da edição deste ano do Festival Varilux de Cinema Francês talvez seja a comédia ROCK’N ROLL – POR TRÁS DA FAMA (2017), de Guillaume Canet. No filme, Guillaume Canet é Guillaume Canet e Marion Cotillard é Marion Cotillard. Pra não mencionar os tantos outros atores e atrizes que interpretam a si mesmos. Pelo menos supostamente. Só por isso, o filme já se torna bastante atraente. Além de se tornar um produto convidativo para que conheçamos mais do cinema francês contemporâneo, já que há várias piadas que só quem conhece as pessoas citadas vão entender melhor.

ROCK’N ROLL é desses filmes que acaba se encaminhando para algo totalmente diferente do que imaginaríamos, o que de certa forma é muito bom. O efeito surpresa é fundamental para que o filme seja apreciado ou até mesmo odiado. A primeira parte do filme nos apresenta a Guillaume Canet, um ator na faixa dos 40 anos que percebe que já não está mais na turma dos jovens astros em ascensão. Isso acontece principalmente em uma entrevista que ele dá com a sua colega de filme vivida por Camille Rowe, belíssima jovem modelo e atriz que interpreta sua filha no filme dentro do filme.

Indignado, Canet não acha nada legal estar fazendo o papel do pai daquela garota. E mais indignado ainda quando sabe de uma lista de atores “pegáveis” do cinema francês e que ele está lá no fim da relação. Quer dizer, não adianta ser um cara estabelecido e ainda por cima casado com Marion Cotillard, a juventude acaba se tornando uma obsessão para ele.

Marion Cotillard parece estar se divertindo muito no papel de uma atriz que tem mania de usar o método de imersão para dar força a seus papéis. É assim que, depois de convidada para atuar em um filme de Xavier Dolan (o não citado É APENAS O FIM DO MUNDO), cisma que precisa estudar e ficar falando no francês de Quebec. E isso não é nada bom para o marido que queria ao menos desfrutar de uma noite de sexo com a esposa.

E aí começam as mudanças de comportamento: se ele não é do tipo que bebe e usa drogas, passa a querer provar para os outros que pode sim entrar nessa vida desregrada, o que acaba rendendo algumas situações engraçadíssimas, como a cena da paralisia facial. Aos poucos, vamos percebendo que o próprio Canet aparece mais envelhecido de propósito para compor esse personagem decadente. Mais a frente, os trabalhos de maquiagem se tornarão fundamentais para a segunda e mais ousada parte do filme.

ROCK’N ROLL é um filme que faz uma crítica a esse modelo de comportamento de querer ser "forever young", mas o faz de maneira muito espirituosa, divertida e sem parecer estar dando uma lição de moral ou coisa parecida. Os excessos são abraçados pelos personagens e a sensação de estranheza acaba sendo mais do que bem-vinda. E se antes não tínhamos tanto motivo para acompanhar a carreira de Guillaume Canet, em detrimento da carreira de sua muito mais famosa esposa, eis o cartão de visita ideal.

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