segunda-feira, junho 12, 2017

PARIS PODE ESPERAR (Paris Can Wait)


Curiosa a trajetória de Diane Lane. Embora tenha aparecido e se destacado em filmes importantes quando jovem (seu primeiro filme é de 1979), foi com INFIDELIDADE, de Adrian Lyne, já com as pequenas rugas aparecendo, que ela de fato chamou a atenção como protagonista. Em seguida, pôde ser vista em duas comédias leves e agradáveis, SOB O SOL DE TOSCANA e PROCURA-SE UM AMOR QUE GOSTE DE CACHORROS. Tudo isso dentro do curto espaço de 2002-2005. O melodrama NOITES DE TORMENTA, de 2008, em que ela reencontra Richard Gere, talvez tenha sido seu último trabalho de destaque. Na verdade, nem são grandes filmes, mas que se tornam dignos de atenção por causa de Diane.

PARIS PODE ESPERAR (2016) é o seu retorno ao mundo das viagens na Europa e também a uma possível infidelidade, a uma tentação, durante uma viagem de carro de Cannes a Paris. Na trama, ela é Anne, esposa de um produtor de Hollywood (Alec Baldwin) que o acompanha no Festival de Cannes (edição de 2015). Acontece que ela está sofrendo de dores no ouvido e alguém sugere que ela não viaje de avião - o marido está indo a Budapeste antes de ir a Paris. A solução seria encontrar o marido em Paris e um francês amigo do marido, Jacques (Arnaud Viard), se oferece para levá-la à capital.

Há quem vá achar que PARIS PODE ESPERAR é só mais um filme sobre turismo, mas pode ser uma experiência maior e melhor do que se espera. A matriarca Eleanor Coppola se aventura na direção de seu primeiro filme de ficção e sabe acentuar bem não apenas as diferenças entre americanos e franceses, mas também suas afeições mútuas. Vem de muito longe o namoro entre Estados Unidos e França e da mesma forma que tantos cineastas franceses homenagearam obras e diretores americanos, os franceses são apreciados em muitos aspectos pelos americanos, por sua maior sofisticação cultural e culinária.

Enquanto Jacques é o homem que crê que a vida deve ser muito bem vivida a cada momento e cada sabor, Anne é uma mulher essencialmente visual. Ela está sempre tirando fotos de tudo que encontra pelo caminho, da comida, inclusive. Não que isso seja uma simplificação do que hoje se vê nas redes sociais. Suas fotos são mesmo obras de arte, como bem destaca Jacques, sempre elevando o astral de Anne e fazendo-a perceber o quanto ela é uma mulher especial.

Esse francês galanteador tornará a viagem de Anne memorável, embora não se saiba o futuro dos dois. De todo modo, PARIS PODE ESPERAR não é exatamente sobre a relação desse casal e uma possível infidelidade, mas como esse percurso é importante para ambos, como, aliás, é tarefa de todo road movie de vergonha. E também como deve ou deveria ser toda viagem que fazemos, enriquecendo nossa alma através do contato com novas pessoas, novos lugares e novos sabores. Nós, espectadores, ganhamos em um filme como esse um passeio baratinho pela França, além de um olhar de cumplicidade para aqueles personagens. Que o diga o olhar final de Diane Lane para a câmera-espectador.

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