terça-feira, novembro 22, 2016

ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM (Fantastic Beasts and Where to Find Them)























A franquia Harry Potter, mais do que os filmes do Universo compartilhado da DC, é a menina dos olhos da Warner. Dá para notar pelo cuidado com que a companhia tem em arriscar um filme desse universo mágico sem conter personagens conhecidos ou mesmo personagens infantis ou jovens. Por outro lado, sabemos que o público que começou a carreira de leitor com Harry Potter já está bem crescido, sem falar que os últimos filmes da saga, dirigidos inclusive por David Yates, tinham um conteúdo político bem acentuado.

Este conteúdo é apenas tangenciado em ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM (2016), que na verdade é menos arriscado do que se imagina. É arriscado apenas em vender um produto do universo de Harry Potter sem trazer Harry Potter, mas não o é ao apostar mais numa aventura envolvendo animais de aparência estranha que fogem de uma maleta e que devem ser recapturados como mote. Não deixa de ser fascinante a ideia de uma maleta que pode conter um universo inteiro, desafiando as leis da física.

O problema é que o filme apresenta personagens pouco atraentes. Ou pelo menos os dois personagens masculinos, o estranho Newt (Eddie Redmayne) e o não-mágico Kowalski (Dan Fogler), dois homens de pouco apelo para o público feminino, mas que talvez justamente por isso tenham sido pensados para protagonizar uma franquia juvenil. Quem sabe também o aspecto loser dos personagens funcione como uma espécie de aproximação com o público adolescente.

Mas não deixa de ser um tanto complicado acompanhar um ator como Eddie Redmayne, que parece fugir o tempo todo do olhar da câmera, meio que trazendo os trejeitos de seu personagem de A TEORIA DE TUDO e talvez até um pouco de A GAROTA DINAMARQUESA também. Isso não deixa de ser curioso. Já Kowalski quase funciona como uma porta de entrada do espectador para aquele universo mágico, já que ele não faz parte daquele mundo. Ainda assim, o espectador ri e parece estar em situação de vantagem com ele, a cada vez que Kowalski se percebe encantado ou admirado com a magia perpetrada por aqueles novos amigos que ele acabara de conhecer.

Já Katherine Waterston, a inglesa que havia encantado muitos espectadores em VÍCIO INERENTE, com roupas curtas e visual da contracultura, está elegante com um casaco longo e um cabelo dos anos 1920. Não deixa de ser uma beleza diferente a dela, mas o suficiente para encantar em diversos momentos, sem que, com isso, tire a atenção do espectador para a história.

Aliás, é um mérito do filme ter uma história tão simples sendo conduzida de modo agradável e interessante. Talvez só perdendo o fôlego lá perto do final, quando o clímax se assemelha ao de muitos filmes de fantasia e ação a que estamos acostumados. Ainda assim, quem não dormir pode aproveitar a beleza dos efeitos especiais caprichados.

E, embora o humor esteja muito mais presente do que o mistério, é a junção dos dois que faz com que ANIMAIS FANTÁSTICOS se torne interessante. Pode ser que se torne ainda mais interessante com o anúncio dos próximos quatro filmes da franquia, todos muito bem pensados por J.K. Rowling. Vamos ver até onde eles vão chegar. Pelo menos uma coisa a gente pode esperar: referências ao universo de Harry Potter cada vez aumentando mais (o que é bom para os fãs dos livros, principalmente), uma direção de arte caprichadíssima (como sempre) e efeitos especiais de ponta (mas isso já é obrigação da produção mesmo).

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