quarta-feira, abril 06, 2016

11.22.63



Histórias de viagens no tempo sempre acabam despertando nossa curiosidade e gerando diversão, mesmo que seja necessário muitas vezes esquecer qualquer lógica e comprar a ideia proposta pelo roteirista. No caso de 11.22.63 (2016), série produzida por J.J. Abrams, baseada em um romance de Stephen King e desenvolvida por Bridget Carpenter, a ideia é aceitar que alguém pode sair de um armário localizado em uma lanchonete e desembarcar sempre no mesmo dia e hora de 1960.

Estrelado por James Franco, a série começa mostrando o personagem, um professor de Inglês de uma escola chamado Jake Epping que é apresentado por um amigo mais velho e que está doente de câncer a esse tal túnel do tempo. A ideia que o amigo (Chris Cooper) tem é usar aquele espaço para evitar o assassinato de John F. Kennedy em Dallas e, com isso, também evitar a Guerra do Vietnã e outras coisas que supostamente sucederam à sua morte.

Para isso, seria necessário que Jake, que andava meio desiludido da vida principalmente por causa de um recente divórcio, ficasse por lá em preparação durante esse período de cerca de três anos, aguardando o dia do assassinato de JFK enquanto investiga o suposto assassino, Lee Harvey Oswald, e suas supostas ligações com os comunistas e o FBI. Se necessário, seria o caso de matar Oswald.

Em alguns momentos, a série parece fugir de sua meta, de suas intenções originais e cria um pouco de barriga, como num episódio dedicado à cirurgia da namorada de Jake nos anos 1960, a também professora colegial Sadie Dunhill, vivida pela bela Sarah Gadon. Curiosamente eu não me lembrava de Sarah, embora ela tenha aparecido nos últimos filmes de David Cronenberg e também em O HOMEM DUPLICADO, de Dennis Villeneuve. Às vezes é preciso uma série de televisão para que a gente veja com mais atenção o brilho de determinada atriz. E aqui podemos dizer que 11.22.63 faz isso próximo da perfeição.

O mesmo não se pode dizer da trama de espionagem, que, se no começo parece interessante, quando Jake e seu amigo Bill (George McKay) investigam com grampos o apartamento do futuro assassino, depois vai caindo numa banalidade lastimável. Para quem foi ao cinema ver uma obra tão cheia de teorias de conspiração como JFK – A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR, de Oliver Stone, ver aquilo tudo de maneira tão simplista é um tanto desagradável. Sem falar que Oswald (Daniel Webber) é mostrado como um bobão.

Por outro lado, a minissérie faz um belo retrato dos Estados Unidos daquele período, quando os negros ainda eram tratados como lixo e o quanto isso pode ser impactante para uma pessoa do século XXI. E como o personagem de Cooper diz que tudo era mais gostoso naquela época, inclusive a comida, a série passa mesmo essa impressão, dando vontade de fazer uma viagem como essa qualquer dia desses também.

Por mais que a minissérie gere alguns momentos fracos e ameace cair bastante em sua conclusão, percebemos no final que o mais importante da experiência de Jake nem era o assassinato de JFK, embora isso seja crucial para a mudança radical no mundo, mas sim o fato de ele ter conhecido Sadie. Tanto é que o final é extremamente tocante e um dos pontos altos, quando deixa de lado o suspense e os momentos de perigo e se concentra na história de duas pessoas de diferentes épocas que se apaixonaram.

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