domingo, abril 10, 2016

AMERICAN CRIME STORY – THE PEOPLE V O.J. SIMPSON



Uma das melhores surpresas deste ano na televisão foi a série/minissérie AMERICAN CRIME STORY – PEOPLE V O.J. SIMPSON (2016), que mantém um padrão de qualidade impecável ao longo de sua narrativa, que se propõe a contar a história do que foi chamado de “o julgamento do século”, por sua repercussão inédita: o caso do assassinato da esposa do jogador de futebol americano O.J. Simpson, Nicole Brown Simpson, e do amante, Ronald Goldman.

Como O.J., principal suspeito, tenta fugir, ele logo é preso sem poder enfrentar o julgamento em liberdade. Aliás, o episódio da fuga dele no Bronco é impressionante. Tanto que até pensamos que a série não vai conseguir melhorar depois daquilo. Ledo engano, felizmente, pois quando a série vira um autêntico drama de tribunal é que ela mostra realmente a que veio.

Um dos grandes destaques de PEOPLE V O.J. SIMPSON é o elenco fabuloso, estrelado por gente famosa como John Travolta (o advogado Robert Shapiro), Cuba Gooding Jr. (O.J. Simpson), David Schimmer (o amigo de O.J. e também advogado Robert Kadashian) e Sarah Paulson (como a advogada de acusação Marcia Clark). Sarah é digna de louvor, mas também pode sere dito o mesmo de Sterling K. Brown, que interpreta seu parceiro Christopher Darden, e Courtney B. Vance, como o incisivo advogado de defesa Johnnie Cochran. Sem falar em outros nomes e rostos famosos que contribuem para tornar a obra ainda mais especial.

O caso de O.J. Simpson representa um dos maiores erros da história do sistema judiciário americano e mostra o quanto os aspectos emocionais podem interferir negativamente no julgamento de alguém. No caso, questões relativas ao preconceito racial vieram à tona, levando em consideração a má fama da polícia de Los Angeles de maltratar os negros. Assim, constrói-se uma teoria de conspiração em que a polícia teria plantado as evidências do crime.

No fim das contas, a audiência negra passou a torcer pela absolvição de Simpson, enquanto nós, espectadores, torcemos pela verdade e pelo trabalho correto, ainda que cheio de falhas, dos advogados responsáveis pela acusação do réu. Em determinado episódio, a série mostra a perspectiva dos jurados, que ficaram vários meses presos dentro de um hotel, sem poder falar com a família, ou ver televisão ou ler jornais, para não serem influenciados. Outro episódio destaca o trabalho de Marcia Clark, bem como o sexismo que ela sofre no trabalho. Criticam até mesmo o seu corte de cabelo e seu modo de vestir.

Outro aspecto positivo da série é a fidelidade nas cenas de tribunal, inspiradas e pensadas em retratar o que de fato foi televisionado e visto com atenção pelos espectadores americanos, como num reality show. E o curioso do caso de O.J. é o quanto ele estava distante da comunidade negra, mas mesmo assim foi abraçado por ela, apesar de condenado pelos brancos, que o viam como um assassino. Ao fim da série, quando vemos as tradicionais informações sobre o que aconteceu com cada personagem após o fim do caso, até podemos chegar à conclusão de que O.J. chegou a se autossabotar (sentimento de culpa?), já que foi preso novamente, mas por outro motivo. Inclusive, vale ressaltar a beleza dos instantes finais de Cuba Gooding Jr. no papel.

AMERICAN CRIME STORY volta no próximo ano, desta vez falando sobre o caso do furacão Katrina. Enquanto isso, espera-se que a primeira temporada confira aos roteiristas, produtores e atores várias estatuetas nos prêmios Emmy e Globo de Ouro.

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