terça-feira, maio 13, 2008

TERROR EM MERCY FALLS (Frágiles / Fragile)



Antes de PARA ENTRAR A VIVIR (2006) e do sucesso internacional de [REC] (2007), o catalão Jaume Balagueró realizou essa produção falada em inglês e estrelada por Calista Flockhart. A exemplo do que acontecia com o cinema de gênero italiano das década de 60 e 70, Balagueró suspeita que a presença de um rosto hollywoodiano conhecido e a utilização da língua de Shakespeare podem ser bons meios para atrair espectadores para os seus filmes. Foi assim com o seu trabalho mais conhecido, a injustiçada obra-prima A SÉTIMA VÍTIMA (2002), um dos filmes recentes que mais emulam os bons tempos do cinema de horror gótico italiano de mestres como Dario Argento e Mario Bava. Pouca gente gostou ou entendeu e aqui no Brasil, depois de receber uma saraivada de críticas negativas quando da exibição nos cinemas, o filme recebeu uma porca edição em dvd em tela cheia. Porém, devido ao sucesso de [REC], alguns cinéfilos estão reavaliando a carreira de Balagueró. E como já fazia algum tempo que eu tinha baixado TERROR EM MERCY FALLS (2005), antes mesmo de ele ganhar um título nacional e de ser lançado em dvd, resolvi pegar o filme pra ver enquanto me preparo pra ver [REC].

TERROR EM MERCY FALLS é uma estória de fantasmas. Não é muito diferente de tantas outras que foram contadas por tantos outros filmes, mas que tem o seu diferencial, o seu charme europeu. Na trama, Calista Flockhart - mais conhecida pela série ALLY McBEAL e por ser hoje a sra. Harrison Ford -, é uma americana que chega numa pequena cidade litorânea da Inglaterra para trabalhar como enfermeira noturna em um hospital para crianças. O prólogo do filme já antecipa quais seriam os problemas das crianças. Nesse prólogo, um menino tem seus ossos misteriosamente quebrados "espontaneamente". Ao chegar no hospital e durante sua primeira noite, ela nota estranhos barulhos vindos do andar de cima, o segundo andar, que se encontra misteriosamente desativado. E uma das crianças do hospital, Maggie, fala que mantém contato com uma criança chamada Charlotte, a "garota mecânica", que naturalmente todos no hospital não acreditam ou não querem enxergar a verdade e permanecem dizendo que a tal Charlotte seria fruto da imaginação de Maggie.

TERROR EM MERCY FALLS pode ser melhor apreciado se o espectador não esperar muito do filme. Até porque, a avalanche de estórias de fantasmas vindas principalmente do Japão e copiadas por outros países tornaram o sub-gênero "filme de fantasma com crianças" algo banal. Mas como eu já disse: trata-se de um horror europeu, há um diferencial, um toque diferente. Se bem que eu prefiro os filmes de horror europeus que não trazem um final muito bem explicado - caso de A SÉTIMA VÍTIMA. E TERROR EM MERCY FALLS explica demais no final, sendo bem mais quadrado e hollywoodiano do que eu imaginava. Sem falar que falta ao filme algo que é primordial no gênero: causar medo ou pelo menos uma atmosfera arrepiante ou sufocante, coisa que Balagueró não consegue nesse trabalho. Mesmo assim, trata-se de uma estória bem conduzida e longe de aborrecer, especialmente para os fãs do gênero. Espero bem mais de [REC], que devo ver em breve.

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