quarta-feira, outubro 24, 2007

UM LONGO CAMINHO (Qian Li Zou Dan Qi / Riding Alone for Thousands of Miles / Tanki, Senri o Hashiru)



Enquanto os paulistas se divertem até cansar na orgia cinematográfica da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, os cinéfilos das outras cidades acabam tendo que se contentar com uma programação comercial bem mixuruca. Até tentei ontem ir ao cinema ver STARDUST, achando que no Shopping Aldeota estavam exibindo legendado, mas quando liguei pra lá e me informaram que era dublado, desanimei e não fui mais. Por outro lado, acho até bom não ter tanto filme bom pra ver no cinema, pois sobra tempo pra eu diminuir a cada vez maior lista de fimes e séries que me esperam em casa. Aliás, até poderia estar assistindo alguma coisa agora, mas como lá no trabalho o bicho tá pegando e não me deixam quieto nem no horário do almoço, que é quando eu normalmente páro para postar para o blog, aí resolvi escrever em casa à noite nessa semana. E hoje vai ser mais um daqueles exercícios de memória, já que UM LONGO CAMINHO (2005) eu assisti nas minhas férias de julho em dvd.

Depois do maravilhoso épico de artes marciais O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS (2004), Zhang Yimou resolveu voltar ao já conhecido território do melodrama, tão querido por ele e por seus fãs mais antigos. Lembremos que no comecinho dos anos 90, o cinema chinês estava na moda. E seus principais representantes eram Yimou e Chen Kaige. Havia outros diretores cujo nome não lembro, mas Yimou foi um dos poucos a sobreviver ao hype e manter uma filmografia de valor e com garantia de sucesso tanto em festivais quanto nos circuitos de arte. Com HERÓI (2002) e O CLÃ... Yimou mostrou que seu talento ia além dos melodramas. Seus filmes de artes marciais são vistos mais como um estiloso ballet, mas é tão bonito de ver e tão empolgante que pouco me importa se aquilo é dança, não é luta. Aliás, são as dus coisas juntas. Mas enquanto A MALDIÇÃO DA FLOR DOURADA (2006) não chega ao circuito comercial, falemos de seu trabalho anterior.

UM LONGO CAMINHO é um filme sobre a tentativa de um pai (o japonês Ken Takakura) de resgatar o amor de seu filho. O personagem de Takakura é um homem que viveu longe da família há muitos anos e não teve a oportunidade de conviver com seu filho. E seu filho, agora adolescente, foi diagnosticado com câncer em fase terminal. Quando o velho vai visitá-lo no hospital, o filho não aceita vê-lo. Assistindo uma fita de vídeo de uma viagem de seu filho para uma região remota da China, ele fica sabendo que o garoto tinha um especial fascínio pelo teatro tradicional chinês e que na viagem anterior ele não havia conseguido ver determinado espetáculo protagonizado pelo melhor artista local. Assim, ele parte do Japão até a China para filmar o espetáculo que o filho queria ver e trazer a fita de volta a tempo, antes que o garoto já estivesse morto. Ao chegar na China, porém, ele enfrenta uma série de dificuldades.

Quem já está acostumado com os melodramas de Yimou, sabe que as lágrimas são quase sempre inevitáveis. Não cheguei a entrar em prantos como na época que vi TEMPOS DE VIVER (1994), mas os momentos tocantes de UM LONGO CAMINHO chegam perto disso. A beleza plástica, que já se tornou mais do que uma marca, uma obsessão para Yimou, comparece novamente, dessa vez, valorizando a bela paisagem da provincia de Yunnan. Yimou utilizou atores amadores nas seqüências na China e teve um resultado muito bom. Mas quem conquista a platéia e o coração do velho japonês é o garotinho Yang Yang, que eleva o grau de ternura do filme perigosamente, no limite do excesso.

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